Familiares e amigos de Ricardo Silva Nascimento, morto a tiros na quarta-feira por um PM, prestam as últimas homenagens em cemitério de Perus
O corpo do carroceiro Ricardo Silva Nascimento, de 39 anos, assassinado com dois tiros no peito pelo policial militar José Marques Madalhano, 23, na noite de quarta-feira (12), foi enterrado na tarde de sexta-feira (14), no cemitério Dom Bosco, em Perus, noroeste da capital paulista. O caso gerou grande comoção no bairro de Pinheiros, onde o crime aconteceu, porque, segundo testemunhas, o PM teria se excedido na abordagem e, inclusive, cometido erros graves depois que Ricardo já estava morto, como não preservar a cena do crime e não prestar o devido socorro acionando o Samu.
O sepultamento foi acompanhado pela mãe da vítima, Aristides Silva Santana, que a todo tempo foi amparada pelo padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua. O pároco também foi o responsável pela missa de corpo presente. A cerimônia de sétimo dia está prevista para ocorrer ao meio-dia da próxima quarta-feira (19), na Catedral da Sé, no centro.
Além da mãe de Ricardo, familiares e amigos próximos também foram ao local. Uma coroa de flores colocada por cima de um pequeno monte de terra batida, adornou a vala rasa para receber o corpo do trabalhador, que vivia na rua. O autor dos disparos que provocaram a morte do carroceiro, o PM Madalhano foi afastado das atividades de rua. No entanto, continua a atuar na parte administrativa da corporação. O crime ocorreu no cruzamento das ruas Mourato Coelho e Teodoro Sampaio, em Pinheiros, na zona oeste, área do 23º Batalhão da Polícia Militar, em circunstâncias ainda não esclarecidas pela polícia.
O cemitério Dom Bosco é o mais simples da capital, local onde existe uma área específica para receber os corpos de pessoas mortas na cidade e que não tiverem a identidade reconhecida pela polícia. O Dom Bosco é formado por covas rasas no chão de terra batida e já foi motivo de diversos inquéritos abertos pelo Ministério Público para investigação desses sepultamentos. Na história da necrópole ainda consta os enterros de pessoas mortas durante a Ditadura Militar.