Foragido há 20 anos, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, era seguido por agentes federais em operação contra o tráfico, quando elite da PM apreendeu drogas, mas não prendeu ninguém
Foragido da Justiça há quase 20 anos, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, um dos maiores traficantes de drogas do Brasil, não foi preso em 2013 graças a uma ação não tão bem sucedida da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Ele é apontado como braço direito de Marcola, posto pelo MP como líder do PCC (Primeiro Comando da Capital)
Fuminho é um dos criminosos mais procurados pela polícia brasileira. Ele é acusado de ter coordenado os assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e de Fabiano Alves de Souza, o Paca. As duas vítimas eram apontadas como as principais lideranças do PCC nas ruas e foram mortas em 16 de fevereiro deste ano numa aldeia indígena na região metropolitana de Fortaleza (CE).
No início de 2013, a Polícia Federal instaurou o PIC (Procedimento de Investigação Criminal) 56/13 para apurar as ações de uma quadrilha de traficantes de drogas ligada ao PCC. Em fevereiro daquele ano, agentes federais seguiram um Fiat Palio desde a Favela Heliópolis, na zona sul de São Paulo, até um sítio no município de Juquitiba, na Grande São Paulo.
O veículo era conduzido por Fuminho. Outro traficante, identificado como Antônio Faria da Costa, conhecido como Pedrinho, também estava no automóvel. Em 22 de fevereiro de 2013, o Fiat Palio ocupado por Fuminho, além de outro veículo do mesmo modelo, dirigido dessa vez por Pedrinho, foram seguidos novamente por policiais federais.
Os carros seguiram pela rodovia Régis Bittencourt, pegaram o Rodoanel e entraram na rodovia Castello Branco. No quilômetro 94, próximo à cidade de Capivari, os veículos pararam em um posto de gasolina. Os dois traficantes se encontraram com outros integrantes da quadrilha. Entre eles havia o motorista de uma carreta.
Os policiais federais apuraram que a carreta, possivelmente carregada com drogas fornecidas por Fuminho e Pedrinho, posteriormente seguiu viagem para um sítio na cidade de Anhembi, distante 240 quilômetros da capital paulista. Os dois Palio fizeram o caminho de volta até Juquitiba, esta mais próxima, a 70 quilômetros. No dia seguinte, os agentes voltaram a seguir Fuminho e Pedrinho.
Eles saíram juntos do sítio de Juquitiba, em um Fiat Palio conduzido por Pedrinho. O veículo foi acompanhado por um caminhão-tanque Ford modelo F4000, até o posto de gasolina de Capivari. Outros traficantes se juntaram ao grupo. Segundo a Polícia Federal, Fuminho deu a chave do caminhão-tanque para um traficante identificado como Ailton José Ferreira.
Naquele dia, as equipes de agentes da Polícia Federal eram escassas e optaram por seguir o caminhão-tanque. O Ford F4000 foi escoltado por uma Dodge Ram até o sítio de Anhembi. Algum tempo depois, os dois veículos seguiram para Piracicaba.
Bunker do PCC é desarticulado
Os agentes federais descobriram que os traficantes integravam uma célula do PCC e fizeram bunkers nos sítios de Juquitiba, Anhembi e Piracicaba para esconder as drogas. A PF continuou seguindo os passos da quadrilha durante quase um mês. Mas ainda não tinha a qualificação de todos os integrantes. Os federais precisavam desses dados para pedir à Justiça a expedição de mandados de buscas e apreensões e de prisões.
Porém, em 14 de março de 2013, para surpresa dos agentes federais, policiais da Rota invadiram o sítio de Juquitiba. Os PMs apreenderam 424 kg de cocaína, 80 kg de crack e 6 kg de maconha. Também foram encontrados oito fuzis, 11 pistolas, três submetralhadoras, três carabinas e duas espingardas calibre 12. Apesar das grandes apreensões, a operação da Rota não prendeu ninguém. O monitoramento de Fuminho realizado pela Polícia Federal foi prejudicado.
O traficante soube da invasão dos militares no sítio de Juquitiba e não voltou mais ao local. Fuminho é procurado desde 12 de janeiro de 1999, quando fugiu da Casa de Detenção, no Carandiru, com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela Polícia Civil como líder máximo do PCC.
Marcola foi recapturado por policiais civis em julho de 1999, na Marginal Tietê, dirigindo um Dodge Stratus importado, à época um carro de luxo. Desde então, ele nunca mais saiu da cadeia. Segundo o Ministério Público Estadual, Fuminho, durante quase duas décadas foragido, era o braço direito de Marcola nas ruas.