Órgão abriu procedimento por determinação do novo ouvidor, Elizeu Soares, para verificar atuação da PM em Itaquera, zona leste de São Paulo
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo acompanhará o desenrolar das investigações sobre a morte de Kelri Antônio Claro, 23 anos. O jovem morreu na madrugada do dia 2 de fevereiro em um baile funk na Avenida Caititu, em Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo. Um grupo de 15 PMs é investigado após o crime.
A determinação é de Elizeu Soares Lopes, advogado escolhido pelo governador João Doria (PSDB) para ocupar o comando do órgão. Ele assumiu o cargo no último dia 7, quando teve fim o mandato de dois anos do sociólogo Benedito Mariano.
Esta apuração é a primeiras determinada pelo novo ouvidor, que também abriu procedimento para caso de PM que agride e xinga passageiros em um ônibus no Terminal Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
Inicialmente, a ocorrência havia sido apresentada como morte decorrente de intervenção policial, que é quando uma pessoa morre em confronto com a PM. No entanto, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa redefiniu o caso como homicídio doloso com autoria desconhecida.
No dia 9 de fevereiro, Kelri morreu com um tiro que o acertou no ombro e atravessou a axila. Ele não resistiu à perda de sangue e morreu na Unidade de Pronto Atendimento de Itaquera. Vídeos obtidos pela Ponte mostram ação da PM no local.
O comandante de policiamento da área informou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil, que os 15 PMs envolvidos em ação na região horas antes negaram qualquer ação no baile, assim como disseram não ter atirado.
Na noite anterior à morte do jovem, que trabalhava em um comércio da família, este grupo de PMs atuou para combater perturbação do sossego e para fiscalizar veículos com som alto, segundo versão oficial. As imagens registradas por moradores apontam para uma ação no baile naquela noite.
Segundo um familiar de Kelri, o acompanhamento da ouvidoria é positivo. “Graças a Deus”, comemorou, em conversa com a Ponte, ao ser informado da notícia. “Se foi alguém do baile que atirou? Que apareça o culpado. Se foi da PM? Que apareça. Nós queremos que o culpado pague”, resumiu, dizendo que “nada trará a vida do Kelri novamente”.
Em nota enviada no dia 11 de fevereiro, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou que os PMs realizavam operação para apreender veículos irregulares em Itaquera “quando foram acionados via Copom para atendimento a uma ocorrência de um homem ferido por arma de fogo”.
Segundo o delegado do DHPP Vander Cristian Rodrigues, há contradição na fala dos PMs com o relato dado pelos familiares do jovem morto. Segundo ele, chama atenção o intervalo entre o horário da ocorrência, às 2h, e a comunicação à PM, feita às 5h. “O que causa certa estranheza em relação à conduta policial”, disse.
Ainda de acordo com a secretaria, todas as circunstâncias são apuradas para identificar o autor da morte de Kelri. Tanto a PM quanto a Polícia Civil abriram investigações. A Corregedoria da PM ainda não se posicionou se está ou não acompanhando o caso.