Ato no Grajaú protesta contra morte de jovens pela polícia

    Protesto acontece um ano após a morte de Dudinha, assassinado por PMs na Favela Sucupira

    20160525 Caramante - Dudinha
    Lucas Custódio, 16 anos, o Durinha, negro, morador da favela Sucupira, no Grajaú, zona sul de SP, foi morto por policiais militares – Reprodução Álbum da Família

    Ajoelhado e algemado, Lucas Custódio, 16 anos, negro, morador da favela Sucupira, no Grajaú, clamou em vão por sua vida. “Não precisa me matar, senhor”. O “senhor” eram PMs e a resposta foram tiros no matagal que margeia a favela. Era 27 de maio de 2015. Um ano depois, moradores da região, no extremo Sul de São Paulo, em parceria com o Fórum de Cultura do Grajaú, promovem o ato  “Sucupira Resiste: em memória de nossos jovens”, para lembrar e denunciar a morte de Lucas e de outros jovens da região que também foram assassinados por policiais.

    Dudinha foi assassinado por policiais num terreno baldio na Favela do Sucupira. Segundo familiares e amigos, ele voltava de um jogo de futebol quando tomou um tiro na perna. Depois do primeiro disparo, assustado, teria tentado fugir, mas foi rendido. Testemunhas relatam que policiais militares dispararam seis vezes contra o rapaz, acertando três tiros. De acordo com a  PM, dois adolescentes foram abordados e tentaram fugir. Um conseguiu escapar.

    Testemunhas ouvidas  pela Ponte disseram que viram quando os policiais dominaram Lucas, que estava desarmado, e o levaram algemado para o matagal atrás da favela Sucupira, onde foi assassinado a tiros.

    “Antes de matar ele, o cara segurou no cangote dele [de Lucas], ele falou para não matar ele e ele matou. Ele pegou ajoelhou, algemado, [disse] não precisa me matar, senhor….”, contaram as testemunhas.

    Um dos policiais envolvidos no crime, o cabo da PM-SP, Aparecido Domingues Vieira, da Força Tática, do 27o BPM (Batalhão de Polícia Militar), tem envolvimento em, pelo menos, cinco mortes em supostos confrontos com suspeitos entre 2003 e 2015.

    O ato será no próximo domingo (29/05),  das 13h às 18h, e contará com uma série de atividades, oficinas, grafitaço, intervenções teatrais e apresentações artísticas com os meninos do circo escola dos educadores Tico e Sheila.

    Confira a programação: 


    13:00 | Discotecagem Ras Davi
    14:00 | Discotecagem Dj Afonia
    15:00 | Expresso Perifa
    15:30 | Luiz Semblantes
    16:00 | Zigra Grazi
    16:30 | ADG
    17:00 | Os Retirantes
    18:00 | Robsoul Cfl e DJ Hudson
    18:30 | Cine
    19:00 | Debate
    21:00 | Mano Money’s


    Entre outros artistas a confirmarem presença

    O dia termina com exibição de vídeos e um debate-papo sobre o genocídio da população preta, pobre e periférica.

    Apoiam a realização do ato os coletivos e organizações: Ateliê DAKI Circo Escola Grajaú, Cedeca Interlagos, Ecoativa, Periferia em Movimento, imargem, Quilha Filmes, entre outros.

    Serviço:

    Domingo, 29 de maio, das 13h às 21h
    Local: Favela do Sucupira – Final da Viela Colorida – Altura do número 2800 da Avenida Dona Belmira Marin – Grajaú – Extremo Sul de São Paulo

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