Encontros serão transmitidos pela internet e terão a participação das Mães de Maio, coletivo de mulheres que tiveram filhos mortos durante retaliação policial aos ataques do PCC em maio de 2006
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Há 15 anos São Paulo vivia um verdadeiro lockdown com ruas vazias e comércio fechado, confinamento impossível de acontecer até mesmo nesses tempos de pandemia com o qual convivemos há mais de um ano. O motivo do medo em sair na rua foram os ataques promovidos pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) contra agentes de segurança pública e o revide desmedido das forças policiais nas periferias.
Tal guerra, corrida entre os dias 12 e 26 de maio de 2006, foi iniciada após a transferência de 765 presos para a Penitenciária II de Presidente Venceslau (interior de SP), considerada de segurança máxima, deixou um saldo de 564 pessoas mortas no estado por armas de fogo. Do total, 505 eram civis e 59 agentes das forças de segurança, entre eles policiais civis, militares e guardas penitenciários.
Daquele maio sangrento surgiu o coletivo Mães de Maio, movimento independente que busca, incansavelmente, há quinze anos denunciar as barbaridades cometidas pelos agentes de segurança e grupos de extermínio que promoveram uma verdadeira matança como vingança pelas primeiras mortes de policiais, ocorridas principalmente na capital naquela noite de sexta-feira de 12 de maio de 2006, antevéspera do Dia das Mães.
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Para não deixar aquele maio de 2006 cair no esquecimento e também como forma de homenagear seus mortos, as Mães de Maio, em parceria com outras instituições defensoras dos direitos humanos, promoverão uma série de encontros a partir da próxima quarta-feira (12/5). Os debates terão transmissão pela internet, no entanto, alguns deles precisam de inscrição prévia. Acesse aqui e saiba mais detalhes.
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“Durante treze anos consecutivos, o movimento fez atos de cobrança nas ruas. Agora, com a pandemia, tivemos que nos adaptar a esse novo normal, então optamos fazer nossos protestos on-line. Mas vai ser um debate muito quente”, disse à Ponte Débora Maria da Silva, fundadora do movimento Mães de Maio.
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Além das Mães de Maio, os eventos contarão com o apoio da Anistia Internacional, do CAAF (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense) da Universidade Federal de São Paulo, da Conectas Direitos Humanos, da Justiça Global e do Núcleo Especializado da Cidadania e dos Direitos Humanos.
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Durante a conversa com a Ponte, Débora ressaltou que o encontro será uma forma de resistência. “É uma provocação, não é uma semana, é um levante Mãe de Maio. Porque a gente completa quinze anos que mexe com a autoestima de estar, de segunda a segunda, aos quatro cantos do país, dizendo que nossos mortos têm voz. É o maior massacre da história contemporânea do país”.
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Débora, que teve o filho, Rogério, assassinado por policiais, também pontua que a ausência de respostas é uma tortura. Ela culpa o Poder Judiciário pela ineficácia em se apontar os nomes dos culpados pela matança, apenas atrelando aos mortos a pecha de “suspeitos”.
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“Você, como mãe, se torna uma investigadora incansável. A gente observou que não tinha investigação nesses casos, só carimbos da delegacia para o Ministério Público e do Ministério Público para delegacia. Faz quinze anos que a gente luta sem direito de por a cabeça no travesseiro e pelo menos dizer ‘a justiça foi feita’ e amenizar a dor de perder um filho”, explicou Débora.
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“É um mês de muito ódio perante esse sistema que, por mais que a gente lute, continua a fazer mães de maio. É um país genocida pela mão de seus governantes. A gente paga a viatura, paga as armas e as balas que matam nossos filhos. É um massacre que deixa o judiciário em xeque. As Mães de Maio colocam o judiciário em xeque. É um judiciário que é classista e racista. O que ele faz em quinze anos foi criminalizar mães que acreditam na justiça brasileira”, completou.
Confira a programação da semana de eventos sobre os ‘Crimes de Maio de 2006’
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[…] Com informações da PonteJornalismo […]