Duas semanas após morte de Marielle, movimento negro fecha avenida em SP e pede justiça

    Manifestantes atearam fogo em pneus para bloquear Radial Leste, uma das principais da cidade de SP, e esticaram faixa que dizia: ‘Perdemos muito, inclusive o medo’

    Foto: Pedro Borges/Alma Preta

    No dia em que os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completam duas semanas, sem que a polícia tenha encontrado os autores do crime, ativistas do movimento negro protestaram fechando a avenida Radial Leste, principal ligação da periferia leste com a região central da cidade de São Paulo. Em cartazes e nos gritos, manifestantes fizeram alusão ao movimento norte-americano chamado “Black Lives Matter” (em português, “vidas negras importam”), que denuncia a violência contra a população negra.

    Segundo o Alma Preta, os manifestaram colocaram fogo em pneus para bloquear a passagem dos carros e esticaram uma faixa com mensagens denunciando a violência do Estado. Um dos escritos diz “Estado Assassino” e outro anuncia: “Perdemos muito, inclusive o medo”.

    No ano de 2012, 9.667 brancos morreram por armas de fogo, enquanto 27.683 negros perderam a vida do mesmo modo. Na população jovem, os números comparativos são de 5.068 brancos contra 17.120 negros. Enquanto a taxa de óbitos para cada 100 mil habitantes de brancos era de 11,8, a de negros era de 28,5.

    Foto: arquivo pessoal

    Marielle foi assassinada no dia 14/3 com 4 tiros de pistola 9mm quando voltava para a casa depois de participar de um evento na Casa das Pretas, na Lapa, centro do Rio de Janeiro. A Delegacia de Homicídios do Rio investiga o caso, mas até o momento não há suspeitos. Uma das linhas de investigação aponta para o possível envolvimento de milícias. Como vereadora, Marielle militava pela causa negra e LGBT e frequentemente denunciava a violência policial nas favelas da capital fluminense. Antes de ter cargo eletivo, trabalhou com o deputado Marcelo Freixo justamente na CPI das Milícias, que completa 10 anos em 2018. Em fevereiro, Marielle assumiu cargo na comissão que fiscalizaria a intervenção na Câmara.

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