Segundo ministro Raul Jungmann, há suspeita de que exista uma organização criminosa dificultando na solução do crime e aciona Polícia Federal
O governo federal suspeita que exista uma organização criminosa interferindo nas investigações sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A PF (Polícia Federal) abriu inquérito para analisar o caso. Marielle e Anderson foram executados a tiros há exatos 232 dias, sem respostas oficiais sobre assassinos e mandantes.
De acordo com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, o governo acionou a PF para analisar se a apuração do crime, ocorrido no dia 14 de março de 2018, sofre, de fato, interferência. A suspeita é que agentes públicos e milicianos atuam para impedir que os culpados sejam descobertos.
“Vai ter duas investigações em paralelo. A da morte de Marielle continua. Mas vai ter outro eixo, que vai investigar, seja quem está dentro do poder público, ou quem está fora. É uma investigação da investigação, vamos assim dizer”, explicou Jungmann. “Se levar luz sobre quem matou Marielle Franco, é uma possibilidade, mas não é esse o objeto”, continuou.
Esse pedido partiu da procuradora geral da república, Raquel Dodge. Segundo ela, depoimentos de testemunhas ouvidas no Rio Grande do Norte apontam para uma ação proposital para ocultar os nomes de matadores e mandantes.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, o miliciano e ex-policial militar Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando da Curicica, acusou a cúpula da Polícia Civil do Rio de Janeiro de estar envolvida com o grupo. Curicica foi transferido em 19 de junho para a penitenciária federal de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte.
“Existe um batalhão de assassinos agindo por dinheiro, a maioria oriunda da contravenção. A DH (Delegacia de Homicídios) e o chefe de Polícia, Rivaldo Barbosa, sabem quem são, mas recebem dinheiro de contraventores para não tocar ou direcionar as investigações”, denunciou Curicica, segundo a publicação.
Curicica é apontado pela DH como suspeito de ter participado do assassinato de Marielle e um dos mandantes seria o vereador Marcello Siciliano (PHS). O ex-PM nega e acusa o delegado do setor especializado.
“No dia 10 de maio, o delegado Giniton Lages (titular da DH da Capital), foi me ouvir, mas já chegou dizendo que tinha ido lá para ouvir eu falar que o Siciliano tinha me pedido para matar a vereadora (Marielle). Eu disse que isso não era verdade”, acusa Orlando.
“Ele disse: ‘Fala que o vereador ( Siciliano ) te procurou e você não quis, e outra pessoa fez’. Como me recusei, ele disse que ia futucar a minha vida e colocar inquéritos na minha conta, que me mandaria para Mossoró e, de fato, foi o que fez. Mas o tempo todo percebi que eles (investigadores) estavam perdidos, sem caminho nenhum”, continua.