Thales de Souza foi morto a tiros pelo sargento Elthon Tavares de Oliveira; Juiz aceitou versão de que PM agiu em legítima defesa e determinou o fim das investigações
O juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça de São Paulo, atendeu ao pedido do Ministério Público paulista e arquivou o inquérito que investiga a morte do empreendedor Thales Jasmineiro de Souza, de 33 anos.
O dono de uma hamburgueria foi morto a tiros pelo sargento da Polícia Militar sargento Elthon Tavares de Oliveira, no Jardim Alba, periferia da zona sul da cidade de São Paulo, em maio de 2021.
À época, os policiais militares que participaram da ação que terminou na morte de Thales afirmaram, em depoimento para a Polícia Civil, que a vítima possivelmente estava armada e teria feito menção de atirar.
Essa versão policial é utilizada pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) para pedir o arquivamento das investigações. De acordo com o pedido da promotora de Justiça Rosana Colletta, o sargento “agiu sob o amparo da causa de exclusão da ilicitude relativa à legítima defesa própria e de outrem, surgida de uma situação causada pela atitude de Thales”.
Desde o início das investigações, no entanto, a família do empreendedor contestou a versão policial. Segundo familiares, Thales estava com o irmão e um amigo quando foram de carro em uma rua que margeia a favela. O empreendedor desceu do veículo para entrar em uma viela, enquanto seu irmão e amigo aguardavam.
Ainda segundo a versão da família, o empreendedor estava atrás de maconha, mas não portava nenhuma arma. Enquanto o irmão e o amigo de Thales estavam no carro, a polícia chegou na favela. Depois disso, o empreendedor só foi visto novamente pelo irmão em uma maca, sendo conduzido pela equipe de resgate do Corpo de Bombeiros após ser baleado.
Pai de uma menina ainda criança, Thales havia acabado de abrir uma hamburgueria, e estava se adaptando às novas rotinas de empreendedor. Destacado pelos familiares por ser uma pessoa tranquila e da paz, a morte do empreendedor causou indignação entre os familiares e amigos, que foram às ruas nos dias seguintes para pedir por justiça.
Entretanto, a Justiça de São Paulo entendeu que a morte do empreendedor seguiu os protocolos legais, e determinou que a arma que os PMs atribuíram ao Thales “caso pertençam aos órgãos policiais ou forças armadas” seja restituída, ou pode ser destruída.