Ney Santos é acusado de envolvimento com o PCC e foi indiciado por lavagem de dinheiro e ocultação de bens
A Justiça Federal de São Paulo determinou o afastamento do prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), acusado desde a década passada de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
O pedido de afastamento foi feito na semana passada pela Polícia Federal, que indiciou o prefeito por crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens praticados entre os anos de 2014 e 2017.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Embu confirma a informação, mas se limitou a dizer que a notícia está “correta”. “Estamos apurando”, diz resposta ao posicionamento solicitado pela Ponte.
Ney Santos foi indiciado por ocultações de terrenos em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo; em Peruíbe, no litoral sul paulista; um apartamento mobiliado no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. Ele também é acusado de ter ocultado um Mercedes Benz ML-350, utilizado por seu sobrinho.
As investigações da PF apontaram que o veículo de luxo estava em nome de um integrante de uma organização criminosa que praticava crimes contra o sistema financeiro em Foz do Iguaçu e Curitiba, no Paraná.
Segundo a PF, o prefeito de Embu das Artes também ocultou outros bens, como uma lancha Triton; salas em um luxuoso edifício em Curitiba e terrenos na Bahia no valor de R$ 56 milhões que seriam repassados para o nome dele, mas cujo contrato foi rescindido.
No mês passado, o Ministério Público Federal indiciou o prefeito por fraude em licitação do uniforme escolar e pediu, caso ele seja condenado, a devolução de R$ 12 milhões aos cofres municipais.
Ney Santos é alvo de investigações policiais desde os anos 1990. Em 1999, ele foi condenado por receptação e formação de quadrilha. Quatro anos depois foi preso sob a acusação de ter participado do roubo de malote de um carro-forte. Porém acabou absolvido em segunda instância.
Acusado ainda de ser sócio de 15 postos de combustíveis e de lavar dinheiro para o PCC, Ney Santos decidiu ingressar na política em 2010, quando entrou no PSC para concorrer a um cargo de deputado federal.
Antes da eleição, ele foi preso sob a acusação de lavagem de dinheiro, por causa da sociedade nos postos de combustíveis, e teve os bens bloqueados pela Justiça.
Em 2012, Ney Santos foi eleito vereador em Embu das Artes e, quatro anos depois, resolveu se candidatar a prefeito da cidade pelo PRB. Ele teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral, mas uma liminar na Justiça permitiu que ele disputasse o pleito.
Ney Santos foi eleito com 79% dos votos. A Justiça, entretanto, decretou sua prisão por lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas.
Ele ficou foragido durante 40 dias. Uma liminar concedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o pedido de prisão e Ney Santos assumiu o cargo de prefeito.