Juiz argumenta que a permanência do líder do PCC em regime comum “garante-lhe a liderança e concorrência para a prática de infrações penais no mundo exterior”
Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), e outros dez presos da facção vão ficar mais um ano no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), a chamada “tranca-dura”, de acordo com decisão judicial proferida nesta sexta-feira (10).
Segundo o MPE (Ministério Público Estadual), Marcola e outros 12 integrantes da facção criminosa, tinham, mesmo atrás das grades, uma espécie de “conselho deliberativo” da facção criminosa.
Marcola e os 12 presos foram internados no RDD em 14 de dezembro de 2016, pelo prazo inicial de 60 dias. Os presidiários foram investigados pela Operação Ethos, deflagrada em novembro de 2016.
Eles estão isolados no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes. No RDD, o preso não tem direito à visita íntima, fica duas horas diárias no banho de sol e 22 horas trancado em cela individual, sem acesso a rádio, TV, jornais e revistas.
A internação inicial foi determinada pelo juiz Fábio Alexandre Marinelli Sola, do DEECRIM/UR5 (Departamento Estadual de Execução Criminal da Unidade Regional 5), de Presidente Prudente. A nova é do juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci. Além de Marcola, Sorci também incluiu na tranca-dura os presos Valdeci Francisco Costa, Antonio José Muller Júnior, Paulo César Souza Nascimento Júnior, Daniel Vinicius Canônico, Paulo Pedro da Silva, Eric Oliveira Farias, Paulo Felipe Esteban Gonzalez, Márcio Domingos Ramos, Airton Ferreira da Silva e Cleber Marcelino Dias dos Santos.
De acordo com a decisão, Marcola representa “alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal” e que sua permanência “em regime comum garante-lhe a liderança e concorrência para a prática de infrações penais no mundo exterior”.
Operação Ethos
No final do ano passado, também foram presos ao menos 40 pessoas, a maioria advogados. Elas são acusadas de pertencer ao braço jurídico da organização criminosa, conhecido como “sintonia dos gravatas”.
Uma delas é Luiz Carlos dos Santos, ex-vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). O MPE apurou que Santos recebia uma mesada de R$ 5.000,00 mensais do PCC para colaborar com a facção, divulgando falsas denúncias de violências promovidas por agentes do Estado.
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Aviso do PCC
No sistema prisional, agentes penitenciários estavam apreensivos e já temiam uma onda de rebeliões, caso o castigo para Marcola e sua turma no RDD fosse aumentado, como revelou a Ponte Jornalismo. Chegaram a ocorrer tumultos nas penitenciárias de Valparaíso e Lavínia 1, além de Presidente Venceslau 1. As três unidades abrigam presos do PCC.
“Essas ações podem ser um aviso prévio do crime organizado para uma nova onda de rebeliões, caso seus líderes tenham repique (aumento de castigo) no RDD”, alertou um agente penitenciário que pediu anonimato à reportagem.
Gegê do Mangue
Outro temor dos agentes é o fato de Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, apontado como o número 2 do PCC, ter saído em liberdade condicional na semana passada, mesmo tendo um julgamento marcado para o próximo dia 20.
No Ministério Público Estadual, as apostas são de que Gegê do Mangue não comparecerá à audiência. “Se ele for ao julgamento será a maior zebra da história. Já sabemos que ele assistiu ao jogo do Palmeiras no último domingo e que depois disso havia prometido sumir para bem longe”, revelou um promotor de justiça.