Motoboy negro é baleado dentro de casa pela PM em Santos (SP), denunciam moradores

Moradores desceram o morro para protestar ao lado de motoboys depois que homem negro de 43 anos levou tiros à queima-roupa em escritório recém-alugado; policiais são acusados de torturar vítima e destruir casa

Sangue dentro da casa onde motoboy foi baleado | Foto: Agnes Sofia Guimarães

“Vamos parar a Presidente, as duas vias dela!”, convocava um motoboy no grupo dos colegas na tarde desta quarta-feira, (30/8). Na manhã do mesmo dia, na rua da Biquinha, no bairro José Menino, uma casa da associação de motociclistas que atende a comunidade foi destruída pela invasão de policiais do 5º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), da cidade de Barueri, e participante da Operação Escudo, que entraram na casa e dispararam dois tiros em um homem negro de 43 anos. 

Para a comunidade, só restou lutar contra o tempo, preencher cartolinas e ganhar a avenida Presidente Wilson para desmentir o boletim de ocorrência e a nota televisionada pela imprensa local logo após o ocorrido, que trazia Sonny* como um criminoso que, com uma arma, teria tentado disparar contra os policiais.  

No entanto, moradores relatam que o motoboy não estava armado e que estava prestes a sair para trabalhar. 

“Há um desencontro aí entre o pessoal. Uns dizem que ele tava tirando um cochilo antes do serviço, outros dizem que ele estava tomando banho. Ainda contam que os policiais atiraram nele e deram um banho para esconder o que aprontaram. Uns dizem que ele está com a cara toda desfigurada por causa da queda na janela. Mas o que me importa e me revolta mais é que balearam um trabalhador na hora do serviço” , desabafa Klaus*, amigo do motoboy e colega de trabalho.

CAsa onde motoboy foi baleado em Santos revirada | Foto: Agnes Sofia Guimarães

O amigo conta que o motoboy não morava lá, assim como os demais colegas. A casa foi alugada há duas semanas para a empresa criada há quase cinco meses pelo grupo, para atender moradores do morro em momentos em que o transporte público ou outros serviços particulares de transporte se recusam a atender as famílias, por conta da chuva ou das operações policiais no bairro, que se intensificou desde o dia 31 de agosto, quando a policial levou um tiro na perna na região.

“Ele era um dos motoboys mais amorosos e prestativos deles. Chegou a trabalhar finais de semana inteiros sozinho para que a gente não ficasse sem transporte. Quando ele não podia, fazia questão de mandar uma mensagem se desculpando, dizendo que ia chamar outro companheiro para nos atender”, recorda Fanny*, uma moradora do bairro. 

A proprietária do local em que Sonny foi baleado conta que nunca teve problemas com ele ou com os colegas. 

“Claro, a gente sabe que muitas vezes a pessoa tem passagem, afinal não é morador que ganha R$ 5 mil que procura a gente pra morar no morro. Mas para mim o que importa é que a pessoa é trabalhadora, paga tudo certinho. Todo mundo tem chance de recomeçar a vida, e essas pessoas fazem o que podem porque a sociedade já é difícil para todos, imagine  para os pobres”, desabafa. 

A casa em que o motoboy foi surpreendido pelos policiais foi reaberta pela primeira vez após o desejo da proprietária em mostrar o ambiente para a reportagem da Ponte, que foi persuadida por crianças e adolescentes que ouviram os tiros, conheciam Sonny e demonstraram revolta com a situação, mesmo sob o olhar preocupado dos pais, que, aos poucos, foram encorajados pelos filhos a conversar com os vizinhos sobre o ocorrido. 

A equipe da Ponte também foi solicitada por um grupo de ativistas e moradores presentes a realizar registro das imagens da destruição deixada pela polícia: móveis revirados, um banheiro completamente destruído e com marcas diversas de sangue. 

A casa fica em uma viela abaixo de uma laje muito utilizada pelos jovens da região como ponto de encontro para brincar ou para simplesmente apreciar a vista do morro para o oceano — a região é conhecida pelos voos de asa delta que rendem fotografias consideradas memoráveis pelos turistas, durante a primavera e o verão. Do alto da laje, era possível ver, alguns centímetros abaixo, a distância da janela do banheiro até o terreno localizado atrás da casa, com marcas de sangue no muro da casa e no piso da área externa. 

No interior da casa, a janela do cômodo também estava estilhaçada, em meio a azulejos ensanguentados, privada e chuveiro destruídos. “Estamos cansados porque eles precisam explicar por que estão matando morador nessa operação. Que operação é essa que só mata trabalhador?”, desabafa Klaus, enquanto explicava a mobilização para organizar um protesto pelo atentado contra a vida do amigo. 

Até o momento, Sonny está entre a vida e a morte, na Santa Casa de Santos. Segundo familiares, a equipe médica relatou que o motoboy precisou passar por uma transfusão de sangue. Segundo a equipe médica, os tiros atingiram a costela, o pulmão e o tórax. “Foi atingido perto do coração”, relatou um familiar. O trabalhador negro perdeu o baço, órgão importante para o sistema imunológico e que armazena componentes de defesa do corpo, e participa da renovação de células do sangue. Seu quadro é considerado grave, mas estável. 

“Os médicos comentaram que a demora no atendimento foi crucial para que ele ficasse nesse estado. Ele ficou esperando mais de uma hora por um atendimento do Samu. Tem morador que fala que a polícia não chamou por socorro, outros falam que os policiais chamaram, mas demoraram para acionar, mas o que acontece é que ele esperou demais”, explica o familiar. 

“Seu maior sonho depois da filha que teve era restabelecer a vida. O que ele já estava fazendo quando estava buscando sustento, trabalhando”, completou.

Na véspera, amigos do motoboy contam que ele e um colega foram abordados pela polícia. Mas a ação teria sido testemunhada pelos moradores o que, acreditam, pode ter evitado uma ação mais violenta.

“Faço questão de dizer que não estou contra os bons policiais, porque eles existem e fazem seu trabalho. O que eu quero é que o Ministério Público, a Defensoria Pública, tomem providências sobre os maus policiais, porque ele estava no local de trabalho”, diz o familiar.

“Antes que comecem a distorcer os fatos”

A convocação ao protesto aconteceu nas redes e nas ruas, mesmo sob a intimidação da polícia. Até mesmo durante e depois da entrada da reportagem na casa em que o motoboy ficou entre a vida e a morte, horas depois da ocorrência, foram registradas viaturas passando devagar pela equipe da Ponte e por ativistas, moradores e proprietária que decidiram ver e documentar a destruição da casa.

Dentro da casa, um ativista da região pediu para registrar um depoimento. Apesar de ser um vídeo que já circula nas redes sociais a seu próprio pedido, ele não será divulgado por motivos de segurança. Mas, no relato que faz enquanto apresenta a cena do crime, é possível entender melhor as circunstâncias dos eventos. 

“Olha a arma que ele carregava com ele, gente essa era arma que ele carregava com ele, tá?”, o ativista dispara, enquanto mostra o uniforme de trabalho do motoboy.

“Ele não estava armado, e fez nada que pudesse desacatar a polícia. O que nós queremos é uma apuração dos fatos com a Corregedorias da Polícia Militar, com a Ouvidoria das Polícias”, pede.

No boletim de ocorrência, o agente condutor da ação, William Rodrigues Soares, relata que PMs do  5º (Baep) de Barueri teriam avistado o motoboy durante um patrulhamento na região por ser conhecida como um “local de traficância e entorpecentes”. Ao entrar na viela da Rua da Biquinha, a equipe teria encontrado o motoboy “portando uma arma de fogo tipo pistola”. 

Eles alegam que pediram para que ele largasse a arma e, diante de sua resistência, o soldado Noda e o soldado Bruno dispararam por uma janela, enquanto o soldado Freitas teria efetuado um disparo pela porta da casa, no que o motoboy teria ido para o fundo do cômodo, “pulando pelo basculante do banheiro, o qual veio a cair num terreno, onde foi encontrado com ferimentos no peito e costas”.

Moradores, no entanto, não acreditam que ele teria se jogado da janela, que fica a uma altura considerável do terreno, e também relatam que escutaram gritos de ajuda do motoboy, acreditando que foi torturado. 

“Ele é muito alto e fortinho, não sei se teria tido coragem de se jogar dessa altura. Parece mesmo que é alguém o jogou”, opinou uma das moradoras que o conhecia. Como a polícia cercou as imediações da rua logo após o ocorrido, não há informações que confirmem onde o motoboy de fato foi encontrado.  

Vítimas de uma “desestrutura”

Os tiros dos policiais contra o motoboy negro aconteceram menos de 48 horas depois que um jovem negro foi baleado à queima-roupa pela PM na comunidade Última Ponte, em Santos, enquanto estava a caminho de buscar os sobrinhos na escola, na tarde desta segunda-feira (28/8). 

A proximidade temporal das violências, para os moradores da Baixada Santista, não é coincidência. Conforme as pessoas se aproximavam do ponto de encontro do protesto, vindas não só do José Menino, mas de diversas comunidades de Santos e São Vicente, jovens e mulheres, para proteger os homens que ainda seguem sob a mira da polícia e já se expunham no protesto, contavam sem medo algumas das histórias de pessoas já mortas pela Operação Escudo e que conheciam de outras primaveras, de vista, por ser amigo do amigo, ou colega de classe, ou alguém que trabalhou na reforma da vizinha.

Momentos como o do protesto, quando organizado a partir da revolta das próprias pessoas, em meio ao clima de medo e de ameaças que são relatadas em diversos pontos da Baixada, ajudam a criar coragem para desmentir o que sai, principalmente, nos boletins de ocorrência lidos pela emissora local sem ouvir a versão das famílias. 

Um deles, o Galeguinho, foi a morte mais recente que era comentada pelas pessoas que estavam no protesto ou só estavam paradas perto, no outro lado da rua, demonstrando solidariedade. Uma pessoa que o conhecia de vista conta que Vinicius de Souza Silva, de 20 anos, morto a tiros pela Polícia Militar e que teve o rosto pisoteado pelos policiais, não atuava no crime organizado. 

“Ele era só um amigo do pessoal que a gente até desconfia que tá, mas ele não tinha nada a ver com eles, não sabia de nada. Era um menino bom, brincalhão, que estava tentando viver a vida dele ”, conta a moradora.  

Alguns adolescentes que presenciaram o protesto por curiosidade, depois de entrarem para pedir esfiha em uma unidade do Habibs, também comentaram sobre o adolescente Luiz Gustavo Costa Campos, a vítima mais jovem da Operação Escudo, morto na tarde de segunda-feira (28/8) aos 15 anos. A versão oficial, até o momento, alega que policias atiraram no adolescente porque ele teria apontado para eles, versão contestada pelos jovens.  

Embora contem que, segundo comentavam, o adolescente, de fato, tinha envolvimento com o tráfico da região, era mais um adolescente alegre e gentil com todos e que era resultado, conforme eles definiram, “de uma desestrutura”:

“É triste demais ver alguém assim, que a gente tem colega que até já foi da mesma sala dele, morrer porque não teve outra chance, tia. Ele só implicava com os gatos da rua e não era nada demais. Certeza que ele não tentou atirar não nos policiais, tia”, desabafa um dos jovens. 

Edneia* mora perto do morro José Menino e acompanhou o protesto à distância, já que tinha ido buscar um lanche na unidade do Habibs em frente à manifestação. Ela conta que sentiu falta do motoboy quando ele não apareceu no horário combinado por eles, final da manhã, para buscar documentos que ela precisava que entregasse em outra região. 

“Ele sempre foi muito certinho com compromissos, aí eu olhava o telefone, nenhuma chamada, nenhum recado, eu comecei a me preocupar, porque ele não ia me deixar sem resposta. Ele até cobrava um pouco mais caro do que eu queria e hoje eu ia até negociar com ele para umas coisas mais fixas que eu queria, mas aí ele não apareceu e não demorou muito para o pessoal contar o que tava acontecendo lá em cima”, relata. 

“Moça, você da reportagem então já tá acompanhando como tá sendo aqui desde o começo, sabe que quando vai escrever ou falar na TV só muda mesmo quem foi e onde foi, né, porque o resto é o mesmo certo? Trabalhador, pobre, com cena que forjam né”, comenta um motoboy que ajudou a organizar o protesto e também trabalha com Sonny. 

Ele pediu para que houvesse atenção aos papéis que eram possíveis de ser encontrados em alguns dos vídeos realizados. Eram anúncios sobre os serviços oferecidos pelos motoboys que acabavam de ser impressos, em busca da expansão dos negócios. 

“Íamos distribuir nos muros das residências de lá de baixo para que as pessoas vissem que olha, qualquer coisa, não tem Uber, mas a gente sobe com vocês. Colocamos até QR code que vai direto pro nosso ‘zap’. Estava lá, moça, virado atrás do sofá, você podia ver”, contou, emocionado. 

E o morro parou o mar, sob gritos de paz e bombas da polícia

O protesto iniciou às 20h16 da noite, de forma pacífica. No entanto, às 19h50, três motos da Polícia Militar já estavam próximas ao local, tirando fotos dos manifestantes em uma esquina próxima, e sem conversar com os moradores. 

Moradoras buscaram se posicionar à frente dos manifestantes, acompanhadas por um buzinaço dos motoqueiros. Algumas crianças também transitavam entre os cartazes e as motos. 

Às 20h15, motoboys negociaram com policiais presentes para que liberassem apenas parte da via da Avenida Presidente Wilson. Quinze minutos depois, policiais pediram para que motoboys liberassem mais a via, mas manifestaram aprovação ao protesto, desde que continuassem sob forma pacífica e mantendo parte da via liberada. Nesse momento, motoboys e moradores deixaram as motos ligadas em busca de apoio dos ônibus e carros que passavam pelo local, enquanto buscavam negociar mais espaço para o protesto. 

Por volta das 20h40, um policial militar, sem identificação, buscou mediar o desacordo entre manifestantes, agentes de trânsito e policiais, sob o argumento de que já havia recebido autorização para garantir a finalização do protesto. Foi quando alguns dos manifestantes entraram em desacordo e precisaram ser rodeados por mulheres no momento em que policiais ameaçaram se aproximar de um dos motoboys. 

Logo depois, mais viaturas chegaram ao local e, por volta das 20h50, o mesmo policial, sem identificação, disparou o primeiro tiro de borracha, conforme registrado pela reportagem. Nos vídeos, segundos antes do primeiro disparo, moradores pedem que não atirem, já que que há crianças no protesto.  

Ninguém ficou ferido, e após uma negociação com os policiais, o ato seguiu por cerca de uma hora, quando o sinal fechava para o trânsito. Nesses momentos, moradores seguiram proclamando “Trabalhador não é bandido”, alternando com versos do “Rap da Felicidade” (“Eu só quero é ser feliz/ E andar tranquilamente na favela onde eu nasci”).

Entubado, motoboy é considerado perigoso por juiz

No dia seguinte, circulou entre alguns grupos da comunidade relatos sobre a morte de uma senhora que faleceu de infarto ao saber de notícias da ida dos policiais ao morro do José Menino. 

Na manhã desta quinta-feira (31/8), o juiz Diego de Alencar Salazar Primo decretou a prisão preventiva do motoboy por porte ilegal de arma, alegando que ele não tem “emprego fixo e lícito, ostenta antecedentes”. O juiz ainda proferiu, na sua decisão, que o trabalhador “ao que parece, nem mesmo condenações judiciais pretéritas e cumprimento de penas de dissuadi-lo ou ressocializá-lo, a demonstrar que se trata de indivíduo que age com intenso desprezo às lei e às ordens judiciais e que, posto em liberdade, sentir-se-á incentivado pelo próprio Estado a prosseguir em suas práticas criminosas, pondo em risco a sociedade”. 

Ajude a Ponte!

A família segue em busca de ajuda da Defensoria do Guarujá para assumir o caso. Apesar do juiz não ter apreciado o pedido solicitado pela defesa que havia assumido o caso para a audiência de custódia, a família conseguiu uma autorização para visitar Sonny no final da tarde desta quinta-feira.

Enquanto isso, os motoqueiros prometem novas manifestações para evitar mais ataques da polícia contra eles e demais trabalhadores negros da região. 

Outro lado 

Questionada sobre a decisão do juiz, o Tribunal de Justiça de São Paulo respondeu que não pode comentar sobre os casos em trâmite:

O Tribunal de Justiça não emite nota sobre questões jurisdicionais. Os magistrados têm independência funcional para decidir de acordo com os documentos dos autos e seu livre convencimento. Essa independência é uma garantia do próprio Estado de Direito. Quando há discordância da decisão, cabe às partes a interposição dos recursos previstos na legislação vigente. 

Esclarecemos, ainda, que os magistrados não podem se manifestar sobre processos em andamento, pois são impedidos pela Lei Orgânica da Magistratura (Loman):

“Art. 36 (Loman) – É vedado ao magistrado:

III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais,  ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.”

O Hospital da Santa Casa Misericórdia de Santos foi questionado sobre o estado de saúde do paciente e se, de fato, a administração atribuiu à escolta policial a decisão de autorizar a visita da família ao motoboy. O hospital limitou-se a responder que não pode passar informações sobre o quadro clínico dos pacientes, e não comentou sobre a proibição das visitas. 

A Santa Casa de Santos, por meio de sua assessoria de comunicação, informa que um homem de 43 anos, vítima de ferimento por arma de fogo, deu entrada no hospital ontem (30/8) por volta de meio dia. O paciente segue internado. O hospital não tem autorização para prestar mais informações sobre o estado de saúde dos paciente

A Secretaria de Segurança Pública foi procurada em três momentos pela reportagem da Ponte. Em relação aos tiros disparados contra o motoboy, a reportagem pediu se era possível entrar em contato com a equipe policial condutora da ocorrência, e foi questionado se: 

1) Houve confronto entre a polícia e a vítima? 

2) As ações acontecem dentro da Operação Escudo?  

3) Moradores relatam que há sinais de tortura no local e que a vítima teria sido atirado da janela. Há alguma apuração da denúncia por parte da Polícia Civil? 

4) As câmeras de farda foram solicitadas pelo DEIC (delegacia de Santos que a Operação Escudo), ou pela delegacia responsável pela operação que aconteceu em José Menino(no caso de ser distinta da operação gerenciada pela delegacia da Ponta Praia)? 

A assessoria de imprensa terceirizada da pasta, a cargo da Fator F, não respondeu aos questionamentos, e se limitou a enviar uma nota oficial: 

Um homem, de 43 anos, foi baleado ao reagir a uma abordagem policial, na manhã desta quarta-feira (30), na rua da Biquinha, Morro José Menino, em Santos. Policiais militares do 5° Batalhão de Ações Especiais (BAEP) realizaram patrulhamento na região, quando ouviram indivíduos correndo para dentro de uma viela. Os PMs foram até o local e lá viram o momento em que o suspeito apontava uma pistola em direção a equipe. Foi dada ordem de parada, mas o homem não obedeceu e os policiais intervieram. O suspeito foi baleado e encaminhado ao hospital da Santa Casa, onde permanece internado. Com ele foi encontrado uma pistola Glock. A arma foi apreendida, juntamente com as dos PMs envolvidos na ação. O caso foi registrado como lesão corporal decorrente de intervenção policial, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, legítima defesa e resistência no 2° DP de Santos, que solicitou perícia para o local dos fatos.

Sobre o protesto em si, a Fator F enviou a seguinte nota em nome da SSP:

A Polícia Militar acompanhou uma manifestação iniciada por volta das 20h20 desta quarta-feira (30), na Avenida Manoel da Nóbrega com a rua Princesa Isabel, no bairro Itararé, em São Vicente. Chegando ao local, os PMs foram hostilizados por populares, sendo necessário o uso de munições de menor potencial ofensivo. O ato seguiu de forma pacífica e encerrou às 22h, sem detidos ou feridos.

Após o protesto ocorrido na Praia do Itararé no fechamento da reportagem, a Ponte questionou novamente sobre: 

  1. Vídeos mostram que moradores estavam realizando ato pacífico no momento em que as bombas de lacrimogêneo foram disparadas por um policial militar, e na direção em que estavam mulheres e crianças à frente. Por qual motivo os manifestantes foram vítimas da ação?
  2. É possível a equipe de reportagem entrar em contato com o comandante, um dos responsáveis em acompanhar a manifestação, para entender mais sobre as escolhas que foram realizadas pelos policiais para conter a manifestação? 

Após a decisão da audiência de custódia sobre o caso, em que o juiz não apreciou o pedido realizado pela família para visitar o motoboy, a Secretaria de Segurança Pública também foi questionada pela reportagem por que a escolta policial não teria permitido a visita da família. Até o momento, também não houve resposta às perguntas. O espaço segue aberto.

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