Ação é mais um episódio no conflito entre polícias civil e militar do estado de SP – situação piorou desde que três PMs foram mortos por um falso policial civil em agosto
Dois PMs da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicleta) abordaram um policial civil negro que estava em viatura na Cidade Ademar, zona sul da cidade de São Paulo, na tarde desta quinta-feira (17/9). É mais uma edição do conflito existente entre as corporações no estado.
O enquadro teve registro nos celulares de militares e do civil, com os primeiros dizendo que o veículo tinha insufilm em todos os vidros, ainda que tivesse sirenes e indicasse se tratar de uma viatura, enquanto o segundo aponta não ter acesso às funcionais da dupla.
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Em sua gravação, um dos PMs fala que as viaturas da Rocam do 22º Batalhão da PM na região metropolitana parou e pediu a identificação do policial.
“Foi dada a identificação do policial e agora ele está solicitando a nossa identificação, sendo que os dois policiais estão fardados, montados em motocicletas viaturas da Polícia Militar do Estado de São Paulo”, explica.
O homem descreve que “não é possível saber quem está dentro do veículo” ao sustentar a abordagem.
Do outro lado, o policial civil, um homem negro, reclama ao filmar o carro que dirige. Define ser uma viatura do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) com “todos os sinais luminosos acionados”.
“Solicitei identificação dos policiais militares, assim como os mesmos pegaram a minha identificação, mesmo fardados, estão se recusando a entregar a funcional”, declara.
Em seguida, o homem se exalta ao reclamar da abordagem. Diz que os PMs pegaram seu documento, não anotaram as informações e impediram sua saída, solicitando novamente a documentação.
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“Você não fez o seu serviço direito. Eu cedi a minha identidade funcional e agora impedido de sair. Se você não tem um treinamento correto não sou eu… você não fez o seu serviço direito”, discute com o PM, que diz estar fazendo seu trabalho.
A abordagem gerou reclamações de policiais civis em grupos do WhatsApp. Alguns solicitaram apoio ao policial abordado, enquanto outros condenaram o enquadro. A Ponte teve acesso a alguns dos áudios enviados.
“Qualquer cachorro corre do Cobalt [modelo do veículo] na rua porque sabe que essas porra são viatura. Os puto tão fazendo isso de propósito”, esbraveja um homem.
Em seguida, diz que há ordem superior para as abordagens de PMs a civis. “Alguém lá para cima quer que essa bagunça pegue fogo. A realidade é essa. Isso não é sem querer, não. É pura putice”, critica.
Outro policial civil reclama de o caso ter acontecido em região de mais enquadros. “Só que dessa vez eles mijaram, acabaram mijando”, dizendo que os PMs cometeram erro na abordagem.
A nova crise entre PMs e policiais civis tem trazido conflitos quase diários por todo o estado. Desde o início de agosto há uma tensão crescente entre as polícias em São Paulo.
Naquele mês, um falso policial civil matou três PMs durante uma abordagem. Dali por diante registrou-se abordagem truculenta, denúncia de injúria e abuso de autoridade, policiais civis flagrados dirigindo bêbados, segundo PMs, e até mensagens da Bancada da Bala, com deputados, um delegado e um sargento, prometendo apoio às corporações que representam.
A Ponte questionou a Secretaria da Segurança Pública de SP, comandada no governo de João Doria (PSDB) pelo secretário general João Camilo Pires de Campos, e aguarda um posicionamento.
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