Com visitas proibidas por causa da Covid-19, só resta aos presos de Getulina (SP) encarar a comida da cadeia, estragada e com bichos
Um “barril de pólvora”. Dessa forma um preso descreve como está a situação em presídio de Getulina, cidade a 466 quilômetros da capital São Paulo. Os relatos são de comida estragada, com bicho e roubo de itens mandados pelas famílias. Em SP, as visitas a presos estão proibidas.
O homem descreve em uma carta que “nem está comendo comida” porque já encontrou mosquito nas marmitas que recebem. “Vário aqui [sic] achando na alimentação. Aqui toda a penitenciária não tem higiene nenhuma na cozinha”, relata.
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De acordo com o preso, a situação piora pelo fato do jumbo, sacola com itens de higiene, alimentação e medicamentos enviados para os presos por seus familiares, sofrer uma espécie de pedágio por parte de outros presos.
No relato, ele conta que alguns presos foram designados para cuidar do “sedex”, termo usado para o jumbo que é enviado pelos correios. Desde março, a Secretaria da Administração Penitenciária proibiu a entrega presencial, aceitando somente envios pelos Correios.
“Estão colocando uns presos para agilizar, para pegar mais rápido, mas na verdade eles estão tirando várias coisas para eles comerem”, denuncia o homem, que faz um pedido para sua familiar. “Vê isto aqui com urgência. Faz denúncia com os direitos humanos”, pede.
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Segundo este preso, a unidade está prestes a explodir. “Qualquer momento pode vir uma rebelião. Vê aí que estou pedindo socorro”, afirma. A unidade de Getulina tem capacidade para abrigar até 857 pessoas, mas tem população de 1.850, em contagem feita no dia 14 de abril. A superlotação é de 116%.
Outro preso contou para a companheira que teve de esperar 15 dias para receber uma carta que já estava dentro da unidade “Você mandou um telegrama na data 18/3/2020, chegou aqui na unidade no dia 19/3/2020, porém hoje é dia 2/4/2020. Para você entender, vida. Eles seguraram o telegrama 15 dias”, explica.
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Na sequência, ele também pediu para que a família buscasse entidades para lutar pelos seus direitos. “Procura os direitos humanos juntamente com a vigilância sanitária. Faz uma denúncia para fazer uma visita no almoxarifado e na cozinha”, diz.
Segundo um dos presos, já havia casos de pessoas que trabalhavam no almoxarifado e que estavam infectadas com coronavírus. A informação não é confirmada pela SAP, que confirma quatro casos em Sorocaba, no interior do estado.
A Ponte questionou a SAP sobre a situação denunciada pelos presos em Getulina e aguarda posicionamento oficial.