Everaldo Severino da Silva Félix é apontado pelo Ministério Público de São Paulo como líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) na zona sul de São Paulo; órgão o denunciou com outras 10 pessoas pelo sequestro e assassinato da policial
Everaldo Severino da Silva Félix, o “Sem Fronteira”, apontado pelo MP (Ministério Público) de São Paulo como chefão do PCC (Primeiro Comando da Capital) na Favela Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, e acusado de ser o mandante da morte da PM Juliane dos Santos Duarte, em 1º de agosto de 2018, foi condenado nesta quinta-feira (4/7) a cumprir 8 anos e 2 meses por associação em organização criminosa.
“Sem Fronteira” foi preso no dia 6 de agosto de 2018, poucas horas antes de o corpo de Juliane ser encontrado no porta-malas de um veículo em Paraisópolis. O criminoso tentou fugir ao cerco policial e jogou três telefones celulares no vaso sanitário de uma casa. Policiais militares, no entanto, conseguiram detê-lo e apreenderam os aparelhos, conforme a polícia declarou à época.
No 89º DP (Portal do Morumbi), “Sem Fronteira” disse não ser o “disciplina”, credencial dada para o chefão do PCC em certas áreas, como Paraisópolis, e também negou envolvimento na morte de Juliane.
A Polícia Civil desmontou a versão do acusado depois de fazer perícia nos telefones celulares apreendidos. Peritos apuraram que em um dos aparelhos havia áudios nos quais Everaldo informava seus parceiros de crime que estava com um “frango”.
Segundo a Polícia Civil, “frango” seria a vítima, no caso, a policial militar Juliane. No mesmo áudio, ainda segundo os peritos, “Sem Fronteira” informava que o “frango” estava morto e só faltava desová-lo. Nos aparelhos periciados foram encontradas ainda mensagens de “Sem Fronteira” negociando a venda de drogas, inclusive para presídios paulistas dominados pelo PCC.
Em outras mensagens, presos ligados ao PCC pedem a Everaldo para intervir em negociações a favor de seus “filiados” nas penitenciárias e nas ruas.
Para a Polícia Civil, as perícias nos telefones mostram que “Sem Fronteira” era chefe da maior organização criminosa do país não só na Favela de Paraisópolis, mas em toda a zona sul paulistana, onde comandava o tráfico de drogas e o “tribunal do crime” do PCC.
A juíza Tatiana Franklin Regueira, da 15ª Vara Criminal da Capital, condenou “Sem Fronteira” a 8 anos e 2 meses de prisão pelo crime de associação em organização criminosa. “O réu era um dos chefes da associação e exercia a função de “disciplina” na região da comunidade do Paraisópolis, com poder de decisão sobre pessoas que praticavam ‘infrações'”, sustenta a magistrada.
A soldado Juliane dos Santos Duarte era lotada na 3ª Companhia do 2º Batalhão Policial Militar, com base na Vila Guarani, zona sul de SP. Em 1º de agosto de 2018, ela foi à Paraisópolis visitar um casal de amigos. Ela conheceu um casal lésbico durante o churrasco e depois foi para o “Bar do Litrão”. Já era madrugada do dia 2 quando a policial militar dançava com os amigos.
Criminosos perceberam que Juliane estava armada. Eles a abordaram. Houve luta corporal. A arma que estava com ela disparou e a feriu duas vezes na virilha. Juliane foi desarmada e levada pelos criminosos para um cativeiro. O corpo foi encontrado no dia 6 com marcas dos tiros na virilha e outro no crânio. O covarde assassinato da policial militar causou comoção nacional.
O Ministério Público Estadual denunciou “Sem Fronteira” à Justiça pelo homicídio de Juliane. Denúncias anônimas feitas à Polícia o apontavam como mandante da morte dela.
Segundo a Polícia Civil, em 2013 “Sem Fronteira” foi indiciado em inquérito por envolvimento na morte de outro policial militar também em Paraisópolis. Em declarações à Polícia, ele diz ser inocente das acusações.