Suspeito de matar Cabelo Duro, do PCC, tinha vida de luxo no Paraguai

    Ação conjunta das polícias brasileira e paraguaia terminou com a prisão de Eduardo Aparecido de Almeida, o Pisca, e Marcelo Moreira Prado, o Exu ou Sem Querer, apontado como assassino de Cabelo Duro

    Dois integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) viviam em uma mansão luxuosa em Assunção, capital do Paraguai. Do bairro rico, eles coordenavam a rota do tráfico de drogas do Paraguai e Bolívia para o Brasil até esta quarta-feira (18/7), quando foram presos.

    Uma ação da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e do MP (Ministério Público do Paraguai) com agentes da Polícia Federal do Brasil prendeu Eduardo Aparecido de Almeida, o Pisca, e Marcelo Moreira Prado, o Exu ou Sem Querer. No vídeo da Senad, obtido em primeira mão pela Ponte, é possível observar as instalações luxuosas de onde a dupla vivia.

    Pisca tinha mandados em seu nome e já está preso na Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no Paraná – ainda não se sabe para onde será transferido. Já Exu usava documentos falsos, o que o fez permanecer preso. Ele é suspeito de ter participado da execução de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro.

    Segundo investigadores do MP (Ministério Público) brasileiro, Exu era um dos atiradores no ataque a Cabelo Duro. O homicídio aconteceu em resposta às mortes de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em uma emboscada no Ceará, em fevereiro de 2018.

    Cabelo Duro foi identificado como passageiro no voo que levou os dois líderes do PCC para uma área de preservação ambiental próxima a Fortaleza. A ação com um helicóptero contou com ajuda do piloto Felipe Ramos Morais, preso em 15 de maio.

    Após as mortes de Gegê e Paca, os líderes da facção decretaram a caçada de seus assassinos. As apurações apontam para duas as possibilidades de ordem: a determinação partiu de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo MP como chefe da facção, ou então ele perdoou o verdadeiro mandante. Marcola afirma não ter participação no crime e também nega ser integrante da facção criminosa.

    Neste intervalo, Cabelo Duro foi executado. Bilhete interceptado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 620 km de São Paulo, apontava para a própria facção como mandante das execuções, tanto de Cabelo Duro, quanto as de Gegê e Paca.

    Gegê do Mangue era considerado o número 1 do PCC nas ruas e trabalhava com Paca, seu braço direito. A dupla vivia em mansão de luxo em Fortaleza e, de lá, também atuava no tráfico internacional de drogas no Paraguai e Bolívia, rota consagrada de domínio da facção.

    O MP paulista suspeita que Exu e Pisco foram mandados para o Paraguai para ocupar o lugar de Gegê e Paca e dar continuidade às atividades no país. Contra Pisca havia 6 mandados de prisão. Ele cumpria pena no regime semiaberto no interior de SP, mas foi beneficiado com saída temporária e não voltou. Pisca participou do sequestro da mãe do lateral Kleber, ex-jogador do Corinthians e Santos, em 2006, no bairro de Itaquera, zona leste de São Paulo.

    Pisca (à esq.) e Exu comandavam ações do PCC no Paraguai | Foto: Arquivo Pessoal

    Exu ou Sem Querer, outro de seus apelidos, é um preso do alto escalão do PCC. Foi acusado de participar dos ataques de maio de 2006 contra as forças de segurança de São Paulo. Já foi internado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), quando ficou preso na P2 de Venceslau, onde estão os líderes da fação. Também foi denunciado pelo MP por formação de quadrilha junto com outros 174 presos, na maior operação da história contra o grupo criminoso, feita em 2013.

    A vida de luxo de Pisca e Exu no Paraguai mostra a expansão do PCC dentro e fora do Brasil. Assim como Gegê e Paca, ambos moravam em uma mansão alugada, com piscina, carros e motos importados em bairro rico, tudo financiado pela facção criminosa.

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