Conheça os detalhes da investigação sobre a morte de João Victor na porta do Habib´s

    Rede de lanchonetes afastou o gerente Alexandro José da Silva e o supervisor Guilherme Francisco dos Santos  da unidade do Habib´s na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de SP, onde João Victor, 13 anos, morreu

    Segundo laudo pericial, João Victor sofreu parada cardiorrespiratória (Foto: Arquivo pessoal)

    O menino João Victor Souza de Carvalho, 13 anos, morreu no dia 26 de fevereiro, na frente da lanchonete de fast-food Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo. Desde então, imagens de câmeras de segurança, laudo pericial e testemunhas geram inúmeras dúvidas sobre o caso.

    A tentativa mais recente de explicar o caso, segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), foi a solicitação da Polícia Civil à perícia, na segunda-feira (3/04), para que fosse feita uma “reconstituição do crime”. Segundo a pasta, a perícia ainda deve agendar uma data para a realização da reprodução simulada do que aconteceu naquela tarde de 26 de fevereiro. A solicitação foi feita após os advogados da família do adolescente fazerem o pedido à Justiça.

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    Veja a seguir os principais pontos desse caso e o que já se sabe sobre ele:

    Droga ou asfixia?

    O laudo do IML (Instituto Médico Legal) feito pelo legista Danilo Vendrame Viva, do exame realizado em 27 de fevereiro, apontou que “a morte ocorreu de forma súbita e teve origem cardíaca, relacionada ao uso de substâncias entorpecentes/ilícitas”.

    Nos dias seguintes ao resultado do exame, o escritório FC Advogados, que presta serviço à família do adolescente, contratou outros peritos para contrapor o laudo pericial. No primeiro momento, o perito chileno Eduardo Llanos pontuou, no dia 10 de março, possíveis erros no laudo.

    No início da semana seguinte, em 13 de março, o perito-legista contratado pelos advogados da família de João Victor, Levi Inimá de Miranda, entrou com pedido, junto à equipe da Polícia Civil do 28º DP (Freguesia do Ó), para que fosse solicitado a exumação do menino.

    Com o pedido feito pela polícia, a Justiça determinou, em 20 de março, que João Victor fosse exumado para a realização de novos exames periciais. A exumação aconteceu na manhã da última segunda-feira (3/04).

    De acordo com a SSP-SP, a “Superintendência da Polícia Técnico-Científica criou uma comissão para realizar a exumação do corpo de João Victor, composta por dois médicos legistas, dois auxiliares de necropsia, o diretor de radiologia e a diretora de anatomia patológica”.

    Além deles, peritos contratados pela família e profissionais contratados pelo fast-food também acompanharam a exumação e devem acompanhar o novo processo de exame para o laudo pericial do IML.

    “A comissão realiza novo exame necroscópico, tomografia de corpo inteiro e, se houver condições, coleta de amostras para exame anatomopatológico, além de coleta de DNA”, informou a SSP-SP.

    O escritório FC Advogados acredita que os novos resultados “devem sair dentro de 30 dias, talvez um pouco menos em função da atenção que se vem dando ao caso”. Em nota, o escritório ainda afirma que a conclusão do exame “não deve sair em menos de 20 dias, muito diferente do primeiro laudo que saiu em 4 horas, e foi entregue 6 dias depois da morte”.

    A expectativa da família de João Victor é que o resultado dos novos exames mude os rumos das investigações. “A gente espera que saia a verdade, o que o nosso perito falou, que ele foi asfixiado”, disse Alini Cardoso, 28 anos, prima do adolescente.

    Funcionários

    O caso do menino João Victor envolveu os funcionários do Habib’s Alexandro José da Silva e Guilherme Francisco dos Santos, gerente e supervisor da unidade Vila Nova Cachoeirinha, respectivamente. Eles aparecem, em filmagem de uma câmera de segurança, perseguindo e arrastando o adolescente antes dele morrer.

    A última informação que a assessoria de imprensa do fast-food forneceu sobre os funcionários, em 17 de março, foi que ambos continuavam afastados de suas atividades. No último sábado (1/04), a reportagem conversou com funcionários da unidade, que afirmaram que os dois não estavam indo trabalhar desde o dia da morte de João Victor.

    Gerente (esquerda) e supervisor do Habib’s da Vila Nova Cachoeirinha (Foto: Reprodução/Ponte Jornalismo)

    A assessoria da lanchonete foi procurada nas tardes de segunda-feira (3/04) e terça-feira (4/04), mas não se posicionou sobre os empregados, e disse apenas que “respeita a decisão judicial e reafirma que segue à disposição das autoridades e colaborando com as investigações em curso”.

    Conduta dos PMs

    A catadora de material reciclável Silvia Helena Croti, 59 anos, que afirmou ter visto os funcionários do Habib’s agredindo o adolescente. Disse também que, quando procurou os soldados da Polícia Militar Guilherme Parpinel e Wilian Flacon de Sousa, não foi ouvida.

    Posteriormente, Silvia foi à Polícia Civil, por conta própria, para prestar depoimento. À polícia, a catadora de material reciclável disse que os PMs não a levaram para depor pois teriam dito que ela se tratava de uma “noia”.

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    Procurada pela reportagem, a Corregedoria da Polícia Militar (órgão fiscalizador da polícia), disse que “os policiais militares apontados pela reportagem, a respeito do fato questionado, informaram que não foram solicitados por testemunhas para condução ao Distrito Policial”.

    A corregedoria ainda afirmou que na ocorrência da morte de João Victor, os policiais chegaram depois que os bombeiros prestaram socorro ao adolescente. O órgão fiscalizador ainda disse que os PMs conduziram o gerente e o supervisor ao 13º DP (Casa Verde), para dar continuidade ao procedimento.

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