Desde 1981, ataques a tiros com mais vítimas no Estado tiveram entre os assassinos policiais militares atuantes ou já fora da corporação
As dez maiores chacinas registradas no estado de São Paulo tiveram a participação de policiais militares ou de ex-policiais militares. O caso mais recente teve repercussão mundial e ocorreu em agosto de 2015 nas cidades de Osasco, Barueri, Carapicuíba e Itapevi, na Grande São Paulo. Dezessete pessoas foram mortas a tiros [além de outras seis pessoas mortas no que ficou conhecido como “pré-chacina”].
A Justiça condenou os policiais militares Fabrício Eleutério a 255 nos de prisão, Thiago Henklain a 247 anos e Victor Cristilder dos Santos a 119 anos. O GCM Sérgio Manhanhã recebeu pena de 100 anos.
Em 16 de junho de 1998, 12 pessoas foram mortas com mais de 90 tiros no bar Ponto de Encontro, em Francisco Morato, região metropolitana de São Paulo. A Polícia Civil apurou na época que a chacina foi motivada porque uma das vítimas no bar iria depor contra policiais militares envolvidos em um assassinato.
Dois PMs foram presos e levados a júri popular. Peritos apuraram que os projéteis retirados dos corpos das vítimas foram disparados pela mesma arma apreendida com um dos policiais militares. Mesmo assim, os jurados entenderam que não havia provas contra os acusados e absolveram os dois PMs.
Na Ponte dos Remédios, zona oeste de São Paulo, oito corintianos da torcida Pavilhão 9 foram mortos a tiros em 18 de abril de 2015, na sede da organizada. O ex-PM Rodney Dias dos Santos foi acusado de envolvimento no crime e vai ser levado a júri popular. O processo está em andamento. Um policial militar apontado como suspeito foi impronunciado por falta de provas.
Na cidade de São Vicente, Baixada Santista, oito adolescentes com idades entre 12 e 16 anos foram mortos com tiros na cabeça em 18 de novembro de 1999. O ex-policiais militares Wagner Ferreira da Costa e José Sebastião Teles de Almeida foram condenados a 108 anos de prisão. O Tribunal do Júri absolveu um policial militar por falta de provas.
Em agosto de 2004, sete moradores de rua foram mortos com golpes de ferro e pauladas na cabeça no centro da cidade. O caso também teve repercussão mundial e ficou conhecido como o “Massacre da Sé”. Uma testemunha presenciou os crimes e iria depor contra policiais militares suspeitos de participação no crime.
Os PMs acusados de matar a testemunha foram presos e processados pela Justiça. Todavia, alegaram que a jovem havia roubado o celular de um deles. Outros cinco policiais militares acusados de envolvimento no “Massacre da Sé” foram denunciados, mas acabaram soltos por falta de provas. O crime continua impune.
No município de Santo André, no ABC Paulista, quatro jovens com idade entre 16 e 25 anos foram mortos a tiros em 22 de abril de 2011, quando voltavam de uma lanchonete. Os policiais militares Ronaldo dos Santos Ferreira e Ricardo Bernardo da Silva foram condenados a 48 anos pelas mortes.
No Carnaval de 1999, três jovens foram executados com tiros na cabeça em uma região de mangue na Praia Grande. Eles voltavam de um baile de Carnaval na Ilha Porchat, em São Vicente. No caminho se envolveram em uma briga. A Polícia Militar foi chamada.
Os jovens foram detidos por policiais militares do Regimento Nove de Julho da Cavalaria. Os PMs, subordinados ao CPChoque (Comando de Policiamento de Choque), reforçavam o patrulhamento preventivo na Baixada Santista. Os rapazes foram levados para a Praia Grande, onde acabaram torturados e mortos com tiros na cabeça. Os corpos, jogados no mangue, só foram encontrados 17 dias depois.
O tenente Alessandro Rodrigues de Oliveira e soldados Edvaldo Rubens de Assis, Humberto da Conceição e Marcelo de Oliveira Christov foram condenados a penas que variavam de 52 anos a 59 anos de prisão. O caso teve grande repercussão porque os acusados pertenciam a uma unidade de elite da Polícia Militar. Além disso, um dos envolvidos no crime era um oficial.
O CPChoque tem um histórico de envolvimento em chacinas no estado de São Paulo. O Massacre do Carandiru foi um deles. Policiais militares invadiram o Pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992, para conter uma rebelião de presos.
O resultado foi uma carnificina com saldo de 111 detentos mortos. Os PMs envolvidos foram julgados e condenados a até 600 anos de prisão. Porém, o júri foi anulado e um novo julgamento será marcado. O massacre também continua impune.
Em 5 de março de 2002, PMs do CPChoque mataram 12 integrantes do PCC na Rodovia Senador José Ermírio de Moraes, a Castelinho. Os mortos foram convencidos pelos PMs a roubar um avião-pagador que jamais existiu, em Sorocaba, e emboscados na praça de pedágio.
Os PMs deram um fim às fitas do circuito de segurança que gravaram a ação. A Justiça, no entanto, entendeu que os PMs agiram no estrito cumprimento do dever e, por isso, decidiu não levá-los a júri.
Em janeiro de 1981, policiais da Rota, também subordinados ao CPChoque, foram acionados para controlar uma rebelião no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha, na Grande São Paulo.
Os PMs mataram seis internos e um funcionário. Outro servidor ficou gravemente ferido. Dois dos PMs envolvidos nessa chacina participaram, 11 anos depois, do Massacre do Carandiru. Um deles era tenente e foi promovido a tenente-coronel.
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