Mães das 19 pessoas assassinadas em agosto de 2015 organizaram protesto em memória dos filhos; três PMs e um guarda civil foram condenados pelo crime
A saudade de Zilda Maria de Paula já dura 5 anos, quando ela perdeu seu filho, Fernando Luis de Paula. Ele foi assassinado junto a outras 18 pessoas na maior chacina da história de São Paulo, em 13 de agosto de 2015.
As vítimas foram mortas em ataques que aconteceram nas cidades de Osasco, Barueri, Carapicuíba e Itapevi, na Grande São Paulo. Além da ausência, as famílias lutam por justiça e reparação.
No sábado (15/8), um ato no Jardim Munhoz, em Osasco, reuniu familiares e amigos em memórias das vítimas, com participação das Mães de Maio e da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio. “Essa chacina veio porque infelizmente mataram dois policiais, um policial e um GCM. Foi uma vingança, porque quem matou os policiais foram presos, mas quem pagou o preço foram os meninos. E nós estamos com essa ferida”, declarou Dona Zilda após o protesto.
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Zilda se refere aos assassinatos do cabo da PM Ademilson Pereira de Oliveira, em 7 de agosto, e de Jefferson Luiz Rodrigues da Silva, GCM de Barueri, em 12 de agosto. Os ataques em represália às mortes dos agentes de segurança terminaram no dia 13, mas tiveram seu início no dia 8 e as vítimas, entre mortos e feridos, superam 30 pessoas.
Três PMs e um GCM foram condenados pelos ataques do dia 13. O PM Victor Cristilder Silva dos Santos e o GCM de Barueri, Sérgio Manhanhã, sentenciados a 119 e 100 anos, respectivamente, aguardam novo julgamento, depois de terem a sentença revertida em segunda instância. Os PMs Fabrício Emmanuel Eleutério e Thiago Barbosa Henklain foram condenados a 255 e 247 anos de prisão, e foram expulsos da corporação.
“Eu tenho muita saudade do meu filho que foi morto com 16 anos. Vi meu filho morto. Eu procurei o olho do meu filho e não achei”, declarou, emocionada, Maria José Lima Silva, mãe de Rodrigo Lima da Silva.
O ato teve alguns discursos e terminou com uma fala de Zilda homenageando todas as mulheres que lutam por justiça. “Todas as mães vítimas de terem perdido seus filhos. Contem com nós nessa guerra”, disse Zilda ao microfone, tendo como resposta dos participantes: “Presente!”.
Dona Zilda afirma que nunca foi ameaçada, mas que tem consciência de que pode sofrer algum tipo de represália. Ao mesmo tempo, afirma que morreu no dia que Fernando Luis foi morto e, por isso, não dá pra morrer de novo. “Não posso dizer que vou deixar minha história, porque só são cinco anos. Mas vou deixar meu rastro”, conclui.
[…] que precisamos contar. Contar como quem grita. “Vocês são o nosso grito”, me disse uma vez Dona Zilda, líder comunitária de Osasco, a respeito do trabalho da […]