Ex-diretor de entidade de Direitos Humanos é condenado a 16 anos de prisão por elo com o PCC

    Luiz Carlos dos Santos era vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) e foi condenado por trabalhar para a facção criminosa

    Luiz Carlos Santos, vice-presidente do Condepe – Foto: Divulgação/TJ-SP

    O ex-vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luíz Carlos dos Santos,44 anos, foi condenado a 16 anos e dois meses de prisão.

    Ele foi acusado de receber R$ 5.000 mensais do PCC (Primeiro Comando da Capital) para divulgar a organismos nacionais e internacionais falsas denúncias de violência impostas pelas forças de segurança do Estado.

    Santos está preso desde novembro do ano passado, quando foi deflagrada a  Operação Ethos, desencadeada pela Polícia Civil de Presidente Prudente.

    Vice-presidente do Condepe é preso sob suspeita de ligação com o PCC

    CI, um dos chefes da facção criminosa PCC, tentou montar ONG de Direitos Humanos

    Preso, vice do conselho de direitos humanos confirma recebimento de mesada do PCC

    Suspeito de matar 3 agentes, PCC aterroriza funcionários de presídios federais

    Desde então, ele encontra-se recolhido em cela isolada na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, no Oeste do Estado, onde foi ameaçado de morte por advogados do PCC, segundo o MPE (Ministério Público Estadual).

    O advogado José Ribamar Baima do Lago Júnior também foi condenado a 15 anos e cinco meses de prisão.

    Além dele e de Santos foram condenados os advogados Marcos Antonio Antunes Barbosa,  Osvaldo Antonio de Oliveira e Simone Lage Guimarães, cada um a oito anos e nove meses de reclusão.

    Ao todo, 54 pessoas foram denunciadas na Operação Ethos, a maioria advogados.

    Todos tiveram a prisão preventiva decretada. Quatro deles permanecem foragidos.

    PCC Crime Incorporated tem novo organograma

    Vice do conselho de direitos humanos e mais 53 pessoas têm prisão preventiva decretada

    PCC investiu R$ 12 mil em campanha de vice do conselho de direitos humanos

    Parte dos réus já estava presa na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, incluindo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

    Segundo o Ministério Público Estadual, responsável pelas investigações da Operação Ethos, era da P2 de Venceslau que o PCC comandava suas açaões ilícitas.

    Ainda de acordo com o MPE, o PCC montou um quadro jurídico, chamado de “sintonia dos gravatas”.

    Os advogados presos são acusados de fazer parte desse quadro da facção criminosa e são chamados pelo MPE de “pombos-correios”, ou seja, levavam e traziam recados para a liderança do PCC.

    Ex-policial civil de SP que vendia escutas telefônicas para a facção criminosa PCC é morto

    Artigo: No Carandiru, devemos falar sobre o PCC

    Os campeões da “tranca-dura”

    Marcola é acusado de ser o “presidente” do Conselho Deliberativo da organização criminosa. Ele sempre negou fazer parte do grupo.

    Por causa do número excessivo de réus, a Justiça decidiu desmembrar os processos. Os outros acusados aguardam julgamento.

    Após ser preso, Luiz Carlos dos Santos perdeu o cargo no Condepe. Durante interrogatório na fase de inquérito policial, ele admitiu ter recebido a mesada de R$ 5.000,00 mensais do PCC.

    Os irmãos e advogados Vanila e Davi Gonçales são acusados de ter cooptado Santos para os quadros do PCC.

    O julgamento foi presidido pelo juiz Gabriel Medeiros, da 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau.

    Na sentença, o juiz observa que Santos, mais do que os outros réus, tinha o dever de proteger os valores defendidos pelo Condepe e, por isso, sua pena foi mais elevada em relação aos demais.

    Segundo o magistrado, Santos, usando o cargo no Condepe, expôs autoridades de forma deplorável, imoral, criminosa e inescrupulosa e sua conduta provocou efeito negativo em outras importantes instituições.

    O juiz determinou que os réus devem cumprir a pena em regime fechado, sem, portanto, o direito de recorrer em liberdade.

    O MPE apurou que Santos foi ameaçado de morte na prisão pelo advogado José Ribamar do Lago Júnior.

    O pai do advogado é procurador de Justiça no Piauí. Quando soube da prisão do filho viajou até Presidente Prudente.

    O procurador de Justiça não conteve as lágrimas quando foi informado por autoridades sobre o envolvimento do filho com o crime organizado. Júnior saiu do Piauí para trabalhar em São Paulo e não mais voltou.

    Amanhã será realizada a audiência dos demais réus no fórum da comarca de Presidente Venceslau.

    Corrigido às 14h30 – A reportagem originalmente informava, erroneamente, que Santos havia sido condenado a 15 anos de prisão.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas