Cerca de 300 pessoas marcharam exigindo respostas sobre ação da Polícia Civil que deixou 28 mortos no Rio de Janeiro; ao final do ato dois jovens foram detidos pela Polícia Militar
Movimentos sociais e partidos políticos realizaram manifestação na avenida Paulista, na noite de sábado (8/5), para protestar e cobrar respostas sobre a chacina na Favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, que resultou na morte de 28 pessoas, durante uma operação da Polícia Civil. A matança aconteceu na manhã de quinta-feira (6/5).
O ato foi organizado pela Coalizão Negra por Direitos e começou por volta das 17 horas, no Vão Livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), e se encerrou pouco antes das 20 horas, na Praça do Ciclista, cruzamento da avenida Paulista com a rua da Consolação. Mesmo com todos os manifestantes usando máscaras, em alguns instantes do encontro houve aglomeração, o que não é recomendável pelas organizações de saúde.
A marcha foi pacífica, no entanto, já perto do encerramento, dois jovens foram detidos pelo 7° Baep (Batalhão de Ações Especiais) da PM e encaminhados para o 78° DP (Jardins). Até por volta das 23h30, a ocorrência ainda não havia sido apresentada à autoridade da Polícia Civil, já que os homens haviam sido encaminhados para exame de corpo de delito no Hospital das Clínicas e não retornaram ao distrito policial.
Representantes da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Defensoria Pública do Estado de São Paulo foram à delegacia para prestar assistência jurídica aos dois jovens, cujos nomes não foram revelados.
“A intenção é denunciar as diversas formas de genocídio do povo negro e da periferia. Viemos prestar solidariedade aos familiares da chacina do Jacarezinho. A gente já estava com a garganta fechada com a fome promovida pelo coronavírus. Agora, o estado mostra que tem mais uma forma de matar a população negra”, disse à Ponte a covereadora da bancada feminista do PSOL, Paula Nunes, 27 anos.
Também advogada, Paula criticou o desrespeito da Polícia Civil do Rio de Janeiro à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que proíbe ações policiais em favelas fluminenses durante à pandemia, exceto em casos excepcionais e mediante aviso prévio ao Ministério Público. O MP afirmou ter sido avisado sobre a operação que deixou 28 moradores da favela e um policial civil mortos.
“Um desrespeito à vida, que é o direito mais fundamental dos direitos humanos”, sustentou Paula.
Cerca de 300 pessoas participaram do ato. Uma delas era Zilda Maria de Paula, que teve o filho assassinado na chacina de Osasco, na Grande São Paulo, ocorrida em 13 de agosto 2015. Seu filho, Fernando Luiz de Paula, 34, foi assassinado dentro de um bar.
“Eu passei o que as mães do Jacarezinho estão passando. Esse governo da aval para a polícia matar”.
Além de Zilda, mães que tiveram os filhos mortos no massacre de Paraisópolis, onde nove jovens perderam a vida pisoteados e asfixiados após policiais militares tentaram dispersar um baile funk em dezembro de 2019, estiveram na avenida Paulista.
Durante a caminhada houve uma parada em frente ao prédio da Justiça Federal. Naquele momento, velas foram acessas em memória dos 28 mortos no Rio de Janeiro.
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