Pároco credita as recorrentes perseguições ao ódio de alguns setores da sociedade contra a população em situação de rua e à especulação imobiliária
“O que eu, com 71 anos, posso esperar? Só sofrer cada vez mais até morrer”. É assim que padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, reage após sofrer uma nova ameaça de policiais militares que atuam na região da Mooca, na zona leste da capital paulista.
O religioso é muito conhecido nos bairros do Belenzinho, Bresser e Mooca em virtude ao seu trabalho com a população de rua, geralmente concentrada nessas localidades. Todas as manhãs, Lancellotti abre as portas da paróquia São Miguel Arcanjo, na rua Taquari, para oferecer leite e bolachas a quase uma centena de pessoas que vivem em vulnerabilidade.
O mais recente Censo dos Moradores em Situação de Rua mostrou um crescimento de 53% dessa população em toda cidade de São Paulo. Somente na região da Prefeitura Regional Mooca, os pesquisadores entrevistaram 4.779 pessoas, o que deixa a região apenas atrás da Sé, um conhecido reduto de pessoas em extrema vulnerabilidade em busca de comida ou trocados.
Para o padre, a defesa aos mais pobres é o motivo de tantos ataques a sua vida e sua honra. A Ponte já noticiou, em mais de uma oportunidade, a perseguição sofrida pelo pároco tanto por agentes do Estado como por vizinhos da igreja, incomodados com a presença de pessoas em situação de rua.
A última ameaça recebida pelo religioso foi na noite do dia 27 de janeiro, quando três PMs abordaram três jovens em situação de rua que frequentam diariamente sua paróquia. O grupo confraternizava em um espaço público a cerca de 300 metros da igreja, quando a polícia chegou.
“Eu e mais dois amigos estávamos na praça Barão de Tietê tomando vinho em comemoração ao aniversário de um deles. Umas 22h encostou uma viatura, três PMs desceram e foram na direção do único negro dizendo que ele tinha roubado a filha de um policial”, contou um dos jovens abordados, de 22 anos, que preferiu não se identificar por ter medo de retaliação.
O rapaz conseguiu anotar o modelo do veículo que os abordou: um Chevrolet/Spin de placa ENG 9435. Foi durante a abordagem que as ameaças ao padre teriam acontecido. Enquanto uma dupla de PMs agrediam o rapaz negro com pontapés, o outro agente teria dito “suas bichas, vocês estão tendo relação com o padre. Pode deixar que a gente vai dar conta dele. O que é dele está guardado”.
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Em seguida, ainda pela versão do rapaz, somente o homem negro foi colocado na viatura e seguiu até o 8º DP (Belenzinho), que fica a 500 metros da praça e na mesma rua da paróquia São Miguel Arcanjo, para ser reconhecido pela vítima do roubo.
Para não deixar o amigo para trás, a dupla seguiu a pé até a delegacia, onde não foi reconhecido pela vítima e acabou liberado.
Os meninos abordados foram até a Corregedoria da Polícia Militar e um deles reconheceu o trio de agentes que teria realizado a abordagem e as ameças. O órgão disciplinar da PM apura o fato.
O jovem que conversou com a Ponte revela que ficou indignado com a postura dos PMs contra o padre, já que credita ao religioso a vitória contra o uso de drogas. “Moro na rua há 3 anos após brigas em casa e desemprego. Era usuário de crack, mas graças ao padre eu abandonei o vício”, contou à reportagem, enquanto ajudava nos afazeres da igreja.
Assustado, ele disse que a partir de agora a rotina não poderá ser mais a mesma, já que teme que algo aconteça com sua vida. “É uma situação desagradável, deselegante. Falaram que a gente é coroinha do padre. Meu medo é uma hora eles cansarem de bater e matar”.
Para o padre, a nova ameaça não é isolada, mas faz parte de um roteiro adotado por pessoas que se sentem incomodadas com a presença da população de rua e com suas ações de auxílio. “É constante, é prática diária. Todas essas coisas acontecem a partir de ações nossas. Toda essa intolerância tem como pano de fundo o mercado imobiliário”, disse Lancellotti.
A reportagem não conseguiu localizar o jovem negro agredido e detido sob suspeita de furto.
Mais ameaças
Enquanto conversava com a Ponte, padre Júlio Lancellotti tomou conhecimento de uma nova injúria. Dessa vez, segundo um morador em situação de rua que pediu para não ser identificado, PMs do 7º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), com sede no bairro Liberdade, o agrediram durante uma abordagem.
“Os policiais me pararam e perguntaram qual o B.O.? Eu respondi um furto e uma Lei Maria da Penha. Ele me deu quatro socos na cara”, declarou. Os policiais teriam pedido o documento do rapaz, que informou que estava na igreja. Neste momento, um dos policiais teria dito. “Você é um dos que chupa o pau do padre Lancellotti?”.
Com medo, o homem afirmou que não vai fazer boletim de ocorrência nem procurar a Corregedoria da Polícia Militar.
Lancellotti manifesta desânimo sobre o cotidiano de perseguição que ele e a população de rua enfrentam na Mooca. “Alguém coordena tudo isso. O estupro no CTA, o roubo no supermercado, assalto na igreja Nossa Senhora do Bom do Conselho”, elenca casos de crimes na região em que moradores em situação de rua foram acusados sem prova.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a denúncia foi registrada na última segunda-feira (3/2) pela Corregedoria da PM, que apura os fatos. Por sua vez, a Corregedoria da PM informou que analisa o fato “dentro da mesma apuração que já existia”.
[…] padre Julio Lancellotti, que atua junto à população em situação de rua na cidade de São Paulo, denuncia ter […]
[…] O padre Julio Lancellotti, que atua junto à população em situação de rua na cidade de São Paulo, denuncia ter sido alvo de mais uma ameaça na manhã desta terça-feira (15/9). Por volta de 10h30, um motoqueiro o intimidou enquanto trabalhava em uma praça da Mooca, zona leste da capital paulista. […]
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