Thiago Bruno Mendonça é acusado de matar Carlos Alexandre Pereira, colaborador do vereador Marcello Siciliano (PHS), que estaria envolvido no assassinato de Marielle, segundo delator
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na tarde desta terça-feira (29/5), Thiago Bruno Mendonça, 33 anos, mais conhecido como Thiago Macaco. Ele é acusado de participar do assassinato de Carlos Alexandre Pereira Maria, o Cabeça, em 8 de abril deste ano, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Pereira era colaborador do mandato do vereador Marcello Siciliano (PHS), que foi apontado por um delator como envolvido nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, segundo o Jornal O Globo.
Uma fonte ligada à DH (Delegacia de Homicídios), divisão responsável pelas investigações dos crimes, confirmou à Ponte que há indícios de que o assassinato de Pereira teria sido uma “queima de arquivo” por causa da morte da vereadora. Thiago Macaco teria envolvimento com a milícia de Jacarepaguá. Segundo esta fonte, os trabalhos da Polícia Civil apontam que os carros participantes nos homicídios, tanto de Marielle e Anderson quanto de Carlos Alexandre, partiram da mesma área: Jacarepaguá.
Segundo a DH, que cuida do caso, a 2ª Vara Criminal da Capital, com base em investigação da própria especializada, expediu mandado de prisão temporária para Thiago Macaco, que foi encontrado em uma loja do Shopping Nova América, em Del Castilho, zona norte do Rio. Os agentes já haviam cumprido a prisão temporária de Rondinele de Jesus Da Silva, o Roni, no dia 19/5, acusado de participação no assassinato do colaborador. Os policiais da DH estão em busca de Ruy Ribeiro Bastos, 38 anos, apontado como um dos executores do homicídio. As investigações seguem para confirmar a motivação e apurar eventual autoria de uma quarta pessoa, que seria a mandante do crime.
Não é a primeira vez que Thiago Macaco tem problemas com a Justiça. Em 2012, ele era membro da diretoria da torcida Jovem Fla e chegou a ser preso acusado de participar da morte de um torcedor do Vasco. A vítima era Diego Leal Martins, de 29 anos, morto durante uma briga entre torcedores do dois times em 19 de agosto daquele ano. À época, Thiago negou as acusações.
Oficialmente, a Polícia Civil do Rio não confirma a possível ligação entre a morte de Carlos Alexandre Pereira e a de Marielle e Anderson porque o ‘Caso Marielle’ segue sob sigilo.
Quem matou Marielle?
No último dia 11, a Polícia Civil realizou a reconstituição do assassinato de Marielle e Anderson. Exatos 77 dias depois dos crimes, sabe-se que dois carros seguiram o veículo no qual estavam a vereadora, o motorista e uma assessora. Em uma área sem câmeras de vigilância, o assassino utilizou uma submetralhadora 9mm no ataque, após testemunhas confirmarem a similaridade do som dos armamentos usados na reconstituição com o barulho que ouviram no dia dos homicídios. Os trabalhos aconteceram com isolamento exatamente para preservar a identidade das testemunhas.
A mesma testemunha que ligou o vereador Marcello Siciliano e o ex-PM Orlando Araújo, que cumpre pena por ter atuado na milícia de Curicica, zona oeste do Rio, apontou que dois policiais militares participaram das execuções: um seria lotado no 16º BPM (Olaria) e outro seria um ex-PM do batalhão da Maré, o 22°BPM. Araújo se defendeu das acusações em uma carta, na qual critica a testemunha. “O policial em questão não tem qualquer credibilidade, haja visto que chefia as milícias do Morro do Banco [Curicica] junto ao tráfico de drogas”, escreveu o ex-PM.
A metralhador HK-MP5 9mm, utilizada no crime, é raramente encontrada com o crime organizado. Segundo a CPI do tráfico de armas, de 2006, a maioria das armas vendidas para criminosos do RJ é de cano curto (revólveres, 52%; e pistolas, 42%). As submetralhadoras equivalem a 0,05% do total (cinco unidades) das mais de 10 mil apreensões feitas no período da comissão – entre 1998 e 2003. Este modelo de arma é destinado para a elite das polícias, tanto Civil quanto Militar, do RJ. Cerca de 40 modelos estão com a Civil e uma quantidade menor para tropas como o Bope, de ao menos 20 unidades.
Até o momento, nenhuma pessoa foi presa por envolvimento direto nos assassinatos de Marielle e Anderson.