No episódio 16, falamos sobre a cobertura do massacre em presídios de Manaus (AM), que deixou 55 mortos, e dos casos repetidos em que a tese de legítima defesa inocenta policiais militares, mesmo quando há provas dizendo o contrário
No episódio 16 do PonteCast, Arthur Stabile e Maria Teresa Cruz contam com detalhes sobre a cobertura do Massacre em Manaus, que deixou 55 presos mortos em 4 unidades prisionais entre o domingo (26/5) e a segunda-feira (27/5). A Ponte entrevistou especialistas em segurança pública e também pessoas que trabalham no sistema prisional no Amazonas e entendeu que: a matança era mais que previsível; o governo se contradisse em versões que, em um primeiro momento, apontavam para disputa interna da facção local FDN (Família do Norte) e, depois, um discurso de negação de que o sistema esteja dominado por grupos criminosos. O que está em jogo, de fato, é a disputa pela rota do tráfico de drogas na região, ou seja, o problema está fora das cadeias e apenas reflete no sistema prisional, como apontou o ex-investigador da Polícia Civil de SP Guaracy Mingardi.
A Ponte entrevistou a mãe de Leonardo Marinho Araújo, 23 anos, uma das 55 vítimas do massacre.
Também falamos sobre casos repetidos em que policiais militares são inocentados em casos de execuções extrajudiciais. Em SP, a juíza Débora Faitarone, que essa semana, absolveu dois policiais da Rota (a tropa mais letal da PM paulista) da acusação de homicídio por morte de um suspeito em 2010 e fraude processual por terem forjado um atentado no prédio do batalhão. A magistrada tem histórico de absolver PMs sob o argumento da legítima defesa, mesmo quando provas contrárias refutam a versão: ela considerou inocentes os PMs que mataram dois pichadores rendidos em 2014, na zona leste de SP, e também os agentes que mataram Ítalo, um menino de 10 anos, que furtou um carro em um bairro rico de São Paulo.
Faitarone já foi fotografada em homenagem no batalhão da Rota ao lado do senador Major Olímpio (PSL-SP) fazendo o sinal da arminha com as mãos, símbolo do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Na mesma linha e sob o mesmo argumento, foram absolvidos também esta semana os PMs que mataram Eduardo Felipe no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, e tentaram simular que ele havia atirado, o que justificaria um suposto revide. Um vídeo gravado por um morador desmentia a versão oficial, mas mesmo assim, a Justiça do RJ considerou que os agentes agiram em legítima defesa. Natasha Neri, cineasta e uma das diretoras do longa “Auto de Resistência”, que fala do caso, conversou com a repórter Paloma Vasconcelos sobre o caso.
Casos tão distintos, em regiões diferentes do país, mas que em comum guardam uma característica: a tentativa por parte das autoridades em justificar a barbárie. Ou, como aconteceu em Manaus, se isentar da responsabilidade pelo cenário de violência.
No episódio 16, também falamos da exposição “Direito do Avesso/Avesso do Direito”, de Laerte e Angeli, idealizada pelo UGT (União Geral dos Trabalhadores), que está na Avenida Paulista, centro de São Paulo, até dia 8 de junho. São 30 cartazes espalhados pelos postes do canteiro central. É só passar e contemplar: não paga nada. Liga o som!