MP denunciou Carlenilto Pereira Maltas, 39, por participar das mortes de Gegê do Mangue e Paca em uma emboscada, e até Interpol o considerava foragido
A PF (Polícia Federal) prendeu neste domingo (7/4) Carlenilto Pereira Maltas, em Aracajú, no Sergipe. Ele é acusado de assassinar os líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em fevereiro de 2018.
Conhecido como Ceará, Carlenilto vivia em mansão no mesmo condomínio em que Gegê e Paca tinha casas e carros avaliados em R$ 2 milhões. Ele teria sido chamado para a emboscada por Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, assassinado no ano passado.
Ceará teria armado com Cabelo Duro a ação, ao utilizarem um helicóptero e levar os dois cabeças do PCC para a morte. O crime aconteceu em uma área indígena de Aquiraz. Os autores teriam colocado fogo nos corpos, mas uma chuva apagou o incêndio e moradores da região encontraram os mortos.
Carlenilto teria agido com o piloto Felipe Ramos Morais, 31 anos, Tiago Lourenço Sá de Lima, 32 anos, Rento Oliveira, 28 anos, e Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, 46 anos. O MP cearense denunciou todos pelas execuções. Felipe era o único preso até o momento, encontrado em Goiás. Os demais apareciam em listas de criminosos mais procurados pelo país, como da Secretaria da Segurança do Ceará, da Polícia Civil de São Paulo e até da Interpol, polícia europeia.
Segundo as investigações e bilhetes interceptados na P2 de Presidente Venceslau (SP), onde estavam presos líderes do PCC, as mortes aconteceram a mando de integrantes da facção. Teria sido Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, 48 anos, o mandante dos crimes, segundo o MP.
Fuminho é considerado braço direito de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pelo MP paulista como líder máximo do grupo criminoso. Ele não consta nas listas de mais procurados, ainda que seja considerado o principal traficante de drogas do país.
O MP de SP considera Fuminho o primeiro brasileiro a chefiar um cartel de cocaína, atuando na Bolívia e Colômbia, e foragido há 20 anos. Ele teria acionado “irmãos” na Baixada Santista para executarem Gegê e Paca, segundo o MP, acusados de desviar dinheiro da organização.
O traficante de drogas Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, também é apontado como outro envolvido na execução dos cabeças – Cabelo Duro foi morto em uma emboscada no Tatuapé, zona leste de São Paulo, em vingança pelos assassinatos de Gegê do Mangue e de Paca, segundo o MP de SP. Ele teria contato com Ceará, o incluindo na emboscada.
As mortes de Gegê e Paca fazem o PCC viver crise entre seus integrantes e a cúpula. A insatisfação é tamanha que gera o primeiro racha interno desde a ascensão de Marcola à liderança, o que aconteceu em 2002, quando os fundadores José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, foram excluídos da facção.
Além de Cabelo Duro, Cláudio Roberto Ferreira, o Galo Cego, também foi morto no ano passado. A suspeita é de que ele e José Adnaldo Moura, o Nado, ambos ladrões de bancos, fizeram o ataque a tiros de fuzil que matou Cabelo Duro. Galo Cego morreu da mesma forma, baleado com 70 tiros de fuzil em julho de 2018.
Nado, que morava na cobertura de um prédio considerado de luxo no Tatuapé, está desaparecido desde a morte de Galo Cego. Seus familiares suspeitam que ele também foi morto por integrantes do PCC em represália. Não há registro do desaparecimento dele na Polícia Civil de SP.
Enquanto isso, Marcola segue preso em uma penitenciária federal de Brasília desde sua transferência da P2 de Presidente Venceslau. Na capital federal, ele reencontra após sete anos de isolamento Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Roberto Soriano, o Tiriça. Eles são considerados pelo MP-SP como os principais integrantes da facção criminosa paulista.