Especial Trans | Do lar cristão à cozinha de uma casa LGBT

    Nascido numa família de Testemunhas de Jeová, Bruno rezava todos os dias pedindo para acordar menino; aos 23 anos, iniciou sua transição para o gênero masculino

    Ilustração: Marcela Saraiva

    A década de 70 foi um divisor de águas para LGBTs nos Estados Unidos, à época presidida por Ronald Reagan. O epicentro dessa revolução foi um pequeno sub-bairro californiano chamado Castro. Tudo começou em 1972, quando o casal Harvey Milk e Scott Smith mudou de Nova York para Castro Street localizada em Eureka Valley, tradicional bairro católico e irlandês de São Francisco, na Califórnia.

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    Em 1973, o conservadorismo nos EUA tomava rumos sem precedentes, encabeçados pela cantora religiosa Anita Bryant. Por meio da campanha “Salvem nossas crianças”, ela obteve sucesso nas urnas em 1977 rejeitando uma lei local do Condado de Dado, na Flórida, que impedia discriminações motivadas pela orientação sexual. Neste momento, Milk percebeu que o movimento LGBT precisava ter líderes como o movimento negro tinha em 1960, com nomes importantíssimos pela luta dos direitos civis como Malcolm X, Martin Luther King Jr. e Angela Davis, que foram fundamentais para o fim da segregação racial (separação de brancos e negros, incluindo no uso do banheiro) estadunidense. Com esta consciência, nasceu o ativista que dedicou sua vida em prol da candidatura política visando obter poder e representatividade.

    Aproveitando sua popularidade local, Milk se candidatou, em 74, à vaga de supervisor da cidade de São Francisco, cargo equivalente ao de um vereador no Brasil, em busca de ocupar um cargo político e ter poder pra lutar pela diversidade. Com uma campanha feita de porta em porta e com o comitê político em sua loja, ficou em décimo lugar, num total de 32 candidaturas para 6 vagas. Com o sucesso na primeira tentativa, Milk tentou, incansavelmente, durante 3 anos. Em 1977, após trocar a gerência da campanha e incluir uma mulher lésbica em sua equipe, Anne Kronenberg, Milk conseguiu se eleger como supervisor, para assumir o cargo em 1978, e se tornar o primeiro político assumidamente gay da história do país. A luta de Milk rendeu o término do seu relacionamento duradouro com Scott, que cansou da rotina do namorado durante a campanha de 77.

    Assim como Malcolm X e Luther King, Milk morreu pelo seu movimento. Após 11 meses de mandato e de ganhar a votação pelos direitos civis dos LGBTs, depois de muita articulação política, que contou com a “Marcha pela liberdade”, espécie de Parada do Orgulho LGBT, Milk foi morto a tiros por Dan White, também supervisor de São Francisco. Minutos antes, White também matou o então prefeito George Moscone. Os crimes foram motivados por conflitos pessoais de cunho conservador de Dan White.

    Uma casa LGBT para chamar de sua

    Após a incansável luta pelos direitos civis, Castro se tornou ícone pra LGBTs de todo o mundo e marcou pra sempre uma geração. O jornalista Fausto Almeida é uma dessas pessoas que teve a vida modificada após os eventos de Castro e, para manter viva a esperança de Harvey Milk, abriu em dezembro de 2016 a hamburgueria Castro Burger. A ideia surgiu de uma conversa entre dois amigos: Fausto e Luiz Felipe Granata.

    — Aí, queria abrir alguma coisa de comida. Eu abriria uma hamburgueria para minha galera.

    — Por quê?

    — Porque não temos nada pra gente, temos lugares gay-friendly em São Paulo, mas não quero mais ser bem-vindo, não quero que seja um favor ter a minha presença.

    O conceito gay-friendly é um termo estadunidense usado para locais públicos ou privados que são abertos e receptivos ao público LGBT. Para Fausto, homossexual assumido, “os seus”, como chama o público LGBT, merecem muito mais do que um lugar receptivo, merece uma casa que possa chamar de sua.

    — Daí eles compraram a ideia e assim surgiu a Castro Burger. Quando estávamos pensando no nome, eu sugeri associar com o bairro Castro, em São Francisco. Para as pessoas mais velhas, pra minha geração, esse local é uma referência. As pessoas mais novas não sabem muito do que se trata, da importância do que é o Castro, mas lá é o berço da luta pela diversidade. Uma das primeiras lições de casa pra quem trabalha aqui é assistir ao filme Milk [lançado em 2008, o longa-metragem é vencedor de dois Oscar,  de melhor roteiro original e de melhor ator, pra Sean Penn, ator que deu vida a Milk]. A ideia da casa é ser um lugar que não tem bandeira, porque não é pra ter bandeira, se fosse ter iria virar a ONU. Justamente por isso é um lugar pra todos. Eu sempre falo nas entrevistas com os candidatos que quero que todos se sintam bem aqui, desde o meu pai até uma travesti estereotipada. Se eles virão e se eles vão gostar é outra coisa, mas eles vão ser bem tratados. Esse é um texto decorado que sempre falo nos processos seletivos, pois é algo que vou cobrar depois. Daí eu tenho a certeza de que todo mundo estará alinhado, inclusive os meninos héteros da cozinha, e quem vier trabalhar aqui. Aqui é uma casa gay, mas é uma casa trans, é uma casa lésbica, é uma casa hétero, é uma casa pra todos.

    A Castro Burger fica na agitada rua Joaquim Távora, na Vila Mariana, a 10 minutos do metrô Ana Rosa e 2,7 quilômetros de um importante cartão postal paulistano, o Parque do Ibirapuera. A inspiração na capital gay do mundo, o bairro Castro, vai além do nome: toda ambientação da hamburgueria traz traços californianos, incluindo uma miniatura da Golden Gate Bridge, ponte famosa de São Francisco. O mobiliário é novo e possui um tom vintage, todo feito de madeira. A luta pela diversidade pode ser notada logo na entrada da casa: à esquerda da entrada, lado aposto ao bar, há um “altar” inspirado em celebridades pró-LGBT. O altar é dividido em três partes: na primeira há apenas um quadro, o de Harvey Milk, ativista inspirador da hamburgueria; na sequência, logo abaixo, são 5 quadros: no primeiro vemos os cantores gays Elton John e Ney Matogrosso juntos a uma imagem de Iemanjá; ao lado, a atriz transexual estadunidense Laverne Cox; no terceiro quadro, temos a cantora lésbica Daniela Mercury ao lado da apresentadora e comediante, também lésbica, Ellen DeGeneres, junto com Nossa Senhora Aparecida; no quarto, a pintora mexicana Frida Kahlo e ícone pop David Bowie dividem espaço com uma imagem de Jesus Cristo; e, fechando a homenagem, a idolatrada manequim e atriz Elke Maravilha.

    No salão principal, há uma placa pendurada na parede com a frase “Liberté, Equalité, Beyoncé”, referência à diva pop Beyoncé e ao lema da Revolução Francesa (originalmente “Liberté, Equalité, Fraternité”), de 1789. Além do salão principal, o local conta uma área externa, porém coberta, arborizada e com uma sala reservada chamada de “teatro”, pois é fechada com uma cortina igual à dos espetáculos teatrais; se você quiser uma reserva de 6 a 14 pessoas, é lá que você vai ficar; com uma vista privilegiada da casa, o teatro tem uma varanda com um jardim.

    Se você vai na Castro e não se atenta à decoração, quando pega o cardápio não tem como deixar escapar o lado LGBT da hamburgueria. Elaborado pelo chef João Leme, o menu conta com as entradas mais coloridas do mundo, entre filmes e músicas de personalidades pró-LGBTs: entre as saladas, temos “Rent”, “Les Miserables”, “Cats”, “Mamma mia”, “Kinky Boots” e “Evita”; já nas porções, nomes como “Believe”, “Chandelier”, “Strong Enough”, “Malandragem”, “Dancing Days” e “Vogue”. Entre as ciabattas, tipos de lanches feitos com pão branco de origem italiana, encontramos nomes como Carminha, Nazaré, Odete Roitman e Félix; isso mesmo, nome de vilões das telenovelas brasileiras! Entre os milk-shakes, é possível escolher entre o “Nervosa”, “A loka!”, “Babado forte”, “Bafônico” e “Tô bege!”, expressões famosas no mundo LGBT. Mas não pra por aí, entre os sucos tem “Babado e confusão!”, “Tá meu Bem!”, “Aquenda!”, “Betty Faria”, “Bate cabelo!” e, a mais famosa das gírias gay, “Miga, sua loca!”. Pra finalizar a linguagem irreverente e animada, as sobremesas conquistam de cara: “Poe-poe”, “Inhaí!”, “Fervido”, “Close certo”, “Carão”, “Arraza!” e “Se joga!”. No cardápio de burgers, a homenagem fica com os pontos mais importantes da cidade de São Francisco: “Bay Bridge”, “Golden Gate”, “Twin Peaks”, “Lombard Street”, “Market Street”, “Haight Street”, “Alcatraz”, “Castro”, “Union Square” e “Pier 39”.

    A Castro Burger me conquistou nos dois quesitos que levo bem a sério em minha vida: a militância e o paladar. Tanto que foi o local escolhido pra comemoração dos meus 26 anos, em abril do ano passado. Na ocasião, pude perceber que a ideia de Fausto deixou de ser apenas palavras e ganhou vida por meio de seus funcionários. Entre amigos LGBTs e héteros, todo mundo se sentiu confortável na casa. Quando estávamos de saída, só ouvi elogios, tanto para o atendimento, quanto para o local e para os lanches. As porções Believe, batatas fritas com molho vegano, e Dancing Days, rolinhos deliciosos de frango orgânico com molho de mostarda e mel, abriram a rodada de “hmmmm” da noite. Depois, nos pedidos principais, um lanche conquistou a maioria: o Market Street, feito com hambúrguer de angus com bacon crocante (e grande!), recheado com queijo cheddar e maionese de ervas no pão australiano. Estava tão satisfeita que esqueci de pedir o Poe-poe, uma bola de sorvete Häagen-Dazs com chantilly e farofa, sobremesa cortesia para o aniversariante!

    A necessidade de vagas destinadas para pessoas LGBT, sobretudo para pessoas trans, rendeu a Castro Burger mais de 500 currículos na primeira seleção de processos seletivos. Hoje, a casa conta com uma equipe de 16 funcionários, em sua maioria pessoas LGBTs, sendo que três são transexuais, uma mulher e dois homens.

    — A importância de incluir pessoas trans no mercado de trabalho é dar oportunidade e voz. Na verdade, é muito mais simples do que qualquer teoria, é dar oportunidade de trabalho pra quem quer trabalhar. A gente acaba perguntando a identidade de gênero na ficha cadastral do site, mas é mais importante a pessoa estar na sintonia da casa e querer trabalhar mais do que qualquer coisa. A gente tem um olhar especial, pois sabemos da dificuldade de pessoas trans pra entrar no mercado de trabalho. Se eu quero que todos sejam iguais, tenho que tratar todos de maneira igual.

    “Deus, me tira desse pesadelo”

    Um dos funcionários trans é o ajudante de cozinha Bruno Alves. Enquanto os jornais estampavam notícias tão atuais quanto na atual conjuntura política brasileira, com nomes como corrupção, PMDB e empreiteiras, em 9 de novembro de 1993, nascia o primeiro filho de Arlete e Alberto: Bruno. Ele foi criado no Jardim Clímax, região do bairro do Sacomã, zona sul de cidade de São Paulo, distrito que dá início à Rodovia Anchieta — importante ligação entre a capital e a Baixada Santista. É nesta região que uma das maiores favelas da cidade está localizada, a Comunidade do Heliópolis. Durante a infância, Bruno precisou lutar contra sua identidade de gênero, pois pertencia a uma família extremamente religiosa. Seus pais são membros da igreja Testemunhas de Jeová, a mesma dos avós de Enzo, personagem da próxima reportagem deste Especial Trans.

    — Como eu cresci em uma casa religiosa, toda noite eu fazia oração pedindo para acordar menino: ‘Deus, me tira desse pesadelo’. Quando a gente ia à igreja, eu tinha que usar vestido, e o meu maior sonho era ter um sapato masculino e usar terninho. Nunca me esqueço de quando eu tinha mais ou menos dois anos: meu primo nasceu e, quando vi o órgão genital dele, tinha certeza de que ia cair, pois eu achava que o meu tinha caído.

    Durante o ciclo escolar, Bruno passou por três colégios, sendo que dois são da rede privada: ensino infantil no Colégio Cantinho do Céu, ensino fundamental no Sesi-SP Educação e ensino médio no Colégio Veruska. Quando estudava no Sesi, Bruno era alvo de bullying por parte dos meninos. À época, contava com o apoio e a amizade das meninas pra lidar com as piadas e brincadeiras preconceituosas.

    Em 2010, cansado das brigas intermináveis com a família, Bruno decidiu sair de casa pra morar com a namorada Erika. Nesta época, estava no terceiro ano do ensino médio e precisou parar os estudos – que foram retomados pouco depois em uma escola estadual no bairro do Ipiranga.

    — Se dependesse dos meus pais, eu continuava lá, mas sem viver a minha vida. Então eu optei por viver, mas na época eu não tinha noção do que era ser trans, muito menos que eu era trans.

    Bruno, durante muitos anos, se sentiu fora dos padrões normativos, sem nunca entender o motivo. Mesmo se impondo como homem durante toda a vida, descobriu que existiam homens trans somente em 2016. Assim que descobriu sua transexualidade, foi atrás do tratamento para hormonização. Entre pesquisas, conheceu a UBS (Unidade Básica de Saúde) Doutor Pasquale, na Santa Cecília, região central da cidade. Após a realização da bateria de exames pra hormonioterapia (tratamento de aplicação de testosterona, o hormônio masculino), Bruno começou o tratamento na UBS. Hoje faz acompanhamento psicológico e hormonização de três em três meses.

    — A minha hormonioterapia é feita com deposteron. Comecei tomando nebido, que é hormônio que menos agride o organismo, mas tem a transição física mais lenta, mas tive que parar pois ele é muito caro. Antes eles davam o nebido lá na UBS, mas, quando, houve troca de prefeitura, os hormônios simplesmente sumiram. Aí a médica me deu a receita, mas é quase 500 reais, e a deposteron uma caixinha com três unidades é 50 reais, é bem mais acessível. Foram seis meses com nebido e estou há três com deposteron.

    Para iniciar o tratamento, homens trans precisam realizar uma bateria de exames, que incluem: ultrassom da mama e dos órgãos reprodutores, hemograma (coleta de sangue) pra ver o nível de hormônio, tanto feminino quanto masculino, e exame do fígado — pois é o órgão que mais sofre com a transição.

    — Na primeira vez fiz um monte de exame de todos os tipos, de HIV e de hepatite. Aí hoje, como nunca tive reação ao tratamento, eles diminuíram os pedidos, essa lista mais extensa é uma vez por ano. O processo de hormonização é pra sempre. Até tem a cirurgia da retirada dos órgãos reprodutores, aí você para de produzir o hormônio feminino, mas nunca produz o masculino. Eu pretendo fazer todas as cirurgias, inclusive a de resignação sexual. Pelo SUS não tem essa, tem só a mastectomia, mas a fila é muito demorada, de pelo menos 20 anos, então vou fazer particular, que está saindo em torno de 10 mil reais, vou me apertar um pouco pra juntar um dinheiro, mas em dois anos eu consigo.

    Hoje, 7 anos depois, a relação com os pais é restrita, pois religião e conservadorismo impedem uma aproximação com o filho trans. Em 2016, eles mudaram pra Itanhaém, cidade litorânea de São Paulo. Bruno continua com Erika, agora casados. Eles moram no Jardim Celeste, a poucos minutos do Zoológico de São Paulo. Apesar do relacionamento duradouro, a transição não foi fácil para a esposa de Bruno.

    — Quando eu comecei a transição, em agosto de 2016, mesmo estando há 6 anos com a minha esposa, estávamos separados. Ficamos 10 meses separados. A aceitação dela é complicada, ela fala que se apaixonou por uma pessoa e hoje não é mais, pois mudei muito. Mesmo ela sendo bissexual, foi muito difícil, ela tem muita dificuldade em me tratar no masculino, mas eu também não exijo muito, pois já estamos juntos há muito tempo, passamos por muita coisa. Procuro sempre corrigir, ela se esforça bastante, mas é muito difícil, é a coisa que mais me incomoda no momento. Além dela, a minha família também não me trata no masculino, mas a minha família não convive comigo. A minha família é ela e a minha cunhada, que mora com a gente, e nenhuma das duas consegue me tratar assim. Mas também, a minha cunhada é novinha, conheci ela quando era um bebê, então ela cresceu com uma pessoa e hoje vive com outra. Então tenho que ter essa paciência. Eu sempre fui uma pessoa muito sentimental, muito chorão. Agora sou muito mais racional do que emocional.

    Bruno teve dois trabalhos antes da Castro. Seu primeiro emprego, antes da transição, foi em uma empresa de empréstimos consignados para clientes da Caixa Econômica Federal. Quando estava na segunda empresa, uma seguradora de automóveis, Bruno começou a transição e foi demitido dois meses depois, em novembro de 2016; apesar da alegação formal de que a demissão era motivada pela crise econômica, ele acredita que tenha cunho transfóbico, uma vez que ele tinha bons resultados.

    Após ficar dois meses desempregado, Bruno conheceu a Castro Burger, por intermédio do amigo, que na época trabalhava na hamburgueria. Inicialmente, foi entrevistado para a vaga de ajudante geral, mas o destino queria que Bruno trabalhasse na cozinha. Sem pensar duas vezes, aceitou a vaga de ajudante de cozinha e começou a trabalhar em janeiro de 2017. Com pouco tempo de casa, Bruno já pegou amor pela gastronomia.

    — Hoje eu consigo trabalhar em todas as áreas da cozinha, acabei me adaptando muito bem. Eu gosto muito de fazer os pratos. Na hora do movimento, eu fico mais na parte detrás da cozinha, que é onde preparamos as saladas e as sobremesas. Aqui na parte da frente são feitos os lanches. Às vezes eu fico aqui na frente liberando os lanches pra levarem às mesas. Gosto dessa parte de montar os pratos, tanto os lanches quanto as saladas. A gente quer fazer tudo bonitinho, pra ir para o cliente e receber um elogio bonitinho. Nos fins de semana aqui enche, bomba bastante, começando na quinta e terminando no domingo. É muito bom trabalhar aqui. Tudo que a gente quer é respeito e eles tomam muito cuidado com isso. Já me chamaram e perguntaram se eu tinha sofrido algum tipo de preconceito aqui dentro, pois isso é uma coisa que eles não permitem de jeito nenhum. Mas eu nunca sofri, nem do pessoal da cozinha que é um pouco mais velho, funcionários héteros têm entre 40 e 45 anos.

    A rotina de Bruno é agitadíssima. De terça a domingo, ele dedica boas horas do seu dia pra Castro. De terça a quinta seu horário de trabalho é das 17h30 às 0h30, de sexta e sábado é das 15h30 às 2h e de domingo das 15h30 às 0h. Vai e volta do trabalho de ônibus: pra ir, pega um ônibus de casa até o Sacomã e de lá pra Ana Rosa; pra voltar, utiliza a linha noturna da Ana Rosa até o Sacomã e de lá pega um ônibus sentido Jardim Celeste. Como no retorno as ruas sempre estão vazias, já se acostumou a descer correndo pra casa depois de descer no Zoológico, chegando lá em 5 minutos.

    Já que troca o dia pela noite, nas horas vagas Bruno prefere descansar. Também arrumar um tempinho pra assistir séries e filmes, principalmente se a temática for fantasia. Fã de “Harry Potter” e “The Walking Dead”, ele adora ler. Prefere ouvir a rádio BandNews FM e saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo em vez de ouvir música. Apesar de não ser ligado ao mundo musical, tem como banda favorita a Legião Urbana. Durante muitos anos, Bruno pensava em cursar Engenharia, mas hoje cogita fazer Gastronomia na universidade.

    (*) Perfil originalmente produzidos para o livro TRANSRESISTÊNCIA, de Paloma Vasconcelos, escrito em 2017 como trabalho de conclusão do curso de jornalismo do Fiam-Faam Centro Universitário

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