Ex-PM suspeito de envolvimento na morte de Marielle é preso no Rio

    Ele e um ex-bombeiro foram detidos por causa de um duplo homicídio ocorrido em fevereiro do ano passado; ambos são suspeitos de pertencer ao grupo do miliciano Orlando Curicica

    Ex-PM Alan e ex-bombeiro Luis Cláudio pertenceriam ao bando de Orlando Curicica | Foto: reprodução

    O ex-PM Alan de Morais Nogueira, conhecido como Cachorro Louco, e o ex-bombeiro Luis Cláudio Ferreira Barbosa foram presos nesta terça-feira (24/7) suspeitos de participar de um duplo homicídio em fevereiro do ano passado. Uma testemunha do caso Marielle Franco teria dito que Nogueira estava em um dos carros que participou da execução da vereadora e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março deste ano, segundo apontou reportagem do jornal O Globo. Ele nega participação no caso.

    Os dois são suspeitos de integrar a milícia chefiada por Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, que em maio, foi apontado como participante da execução de Marielle ao lado do vereador Marcello Siciliano. Orlando está preso na Penitenciária de Mossoró, no Rio Grande do Norte. As prisões de ‘Cachorro Louco’ e Luis Cláudio, portanto, a princípio não guardam relação com o caso Marielle. Mas a equipe de investigação da DH (Delegacia de Homicídios) vai apurar a informação de que ‘Cachorro Louco’ estaria em um dos carros no dia do assassinato. A participação de Luis Cláudio no Caso Marielle ainda não está descartada.

    Procurada, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que o caso Marielle continua sob sigilo e que não comentaria a captura dos dois homens.

    Sem respostas

    As execuções de Marielle Franco e Anderson Gomes completam 132 dias nesta terça-feira (24/7) e, com o caso em sigilo, pipocam vez ou outra notícias baseadas em delações e em suspeitas que, até o momento, não foram de fato comprovadas ou confirmadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Acompanhe a breve cronologia do caso:

    14 de março

    A vereadora Marielle Fraco (Psol-RJ) deixa evento “Jovens negras movendo a estrutura”, na Lapa, região central do Rio, com o motorista Anderson Gomes e uma assessora dela. Quando o carro está na região do Estácio, é alvejado por 13 tiros calibre 9mm. Marielle e Anderson morrem no local.

    6 de abril

    O vereador Marcello Siciliano (PHS) presta depoimento sobre as execuções do dia 14. O parlamentar foi ouvido um dia depois que o colega de legenda, Zico Bacana, compareceu à Delegacia de Homicídios para também prestar depoimento. Bacana foi chamado pela polícia do Rio depois que câmeras registraram a presença do ex-vereador Cristiano Girão Matias no andar do gabinete dele na tarde do dia dos crimes.

    9 de abril

    Polícia do Rio abre investigação para apurar o envolvimento de milícias na morte de um colaborador do vereador Marcello Siciliano (PHS). Carlos Alexandre Pereira foi morto a tiros em Jacarepaguá, no domingo (8/4), dois dias depois que Siciliano prestou depoimento no Caso Marielle.

    10 de abril

    Investigadores da Delegacia de Homicídios do Rio, que cuida do caso, encontram fragmentos de digitais que possivelmente seriam dos atiradores, segundo reportagem do jornal O Globo. Na ocasião, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, veio a público e afirmou que “houve um afunilamento das hipóteses” nas investigações sobre os assassinatos. Ninguém foi preso.

    7 de maio

    Identificada a arma do crime: uma submetralhadora 9mm. Fonte ligada à Polícia Civil do RJ ouvida pela Ponte, afirmou que crime organizado ‘aposentou’ o modelo de arma há algum tempo. “A submetralhadora é uma arma de pequeno porte que cospe tiro para tudo quanto é lado. Ela é capaz de atingir o alvo pequeno com maior poder de fogo e mais vezes”, disse o especialista sobre uma das motivações para a escolha do modelo.

    8 de maio

    O vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, são apontados por testemunha como participantes do crime, segundo reportagem do jornal O Globo. O parlamentar negou as acusações. Orlando estava preso em Bangu por causa de um outro processo relativo ao seu envolvimento com milícias da zona oeste do Rio. Pouco tempo depois, ele seria transferido para um presídio federal. A testemunha que delatou os dois já teria atuado com milícias e teria afirmado à polícia que escutou uma conversa entre Siciliano e Orlando tramando a morte da vereadora, em um restaurante.

    10 de maio

    Testemunha afirma que pelo menos dois PMs estariam em um dos carros usados na execução de Marielle e Anderson. Um seria lotado no 16º BPM (Olaria) e outro seria um ex-PM do batalhão da Maré, o 22°BPM.

    11 de maio

    A reconstituição do Caso Marielle dura cerca de 5 horas e tem isolamento total para proteção de testemunhas. Pelo menos seis disparos reais fora efetuados durante o processo, que serviriam, segundo o delegado titular da Delegacia de Homicídios do Rio, Giniton Lages, para esclarecer a dinâmica do crime. “É preciso buscar a percepção auditiva sobre se o disparo foi feito em rajada ou se foi intermitente. Com essa percepção podemos levantar qual foi o armamento empregado”, explicou.

    30 de maio

    Thiago Bruno Mendonça, o Thiago Macaco, é detido suspeito de “queima de arquivo” no Caso Marielle. Ele foi acusado de participar do assassinato de Carlos Alexandre Pereira Maria, o Cabeça, em 8 de abril deste ano, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Pereira era colaborador do mandato do vereador Marcello Siciliano (PHS), que foi apontado por um delator como envolvido nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, segundo o Jornal O Globo.

    2 de junho

    O ex-PM Orlando Curicica é condenado por porte ilegal de armas. Ele foi apontado no mês de maio como suspeito de participar do assassinato de Marielle e Anderson, mas nega a acusação. Já preso, respondia a outro processo ligado a sua atuação em milícias no Rio e acabou pegando 4 anos e um mês de prisão por porte ilegal de arma, segundo o Jornal Extra.

    12 de julho

    Comissão da Câmara dos Deputados criada para acompanhar o andamento das investigações das mortes de Marielle e Anderson critica demora para solução do caso. A data marcava os 120 dias dos crimes, até agora sem solução.

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