Livro publicado em 2016 traz perfis de mães e parentes que perderam seus familiares para a violência de Estado
Um dos maiores massacres da história do Brasil, os Crimes de Maio de 2006 completam 15 anos. Entre 12 e 21 de maio, com o apoio do Ministério Público, policiais exterminaram 505 pessoas pobres em periferias e favelas de SP
Em duas semanas, os Crimes de Maio deixaram mais vítimas do que a ditadura militar ao longo de 21 anos, mais de quatro vezes o massacre do Carandiru, mais de 20 vezes a chacina de Osasco e mais de 18 vezes o massacre do Jacarezinho.
Muitas das 505 pessoas mortas e os 4 desaparecidos foram escolhidos aleatoriamente pela polícia, apenas por serem pobres e viverem em favelas, como vingança contra 59 agentes públicos mortos pelo PCC.
Entre as vítimas, Ana Paula, grávida de 9 meses, baleada na barriga. Baleada dentro do útero, Bianca tinha 48 centímetros e nasceria de cesariana no dia seguinte.
A mãe de Ana Paula, Vera, não suportou a injustiça e morreu 12 anos depois, também num mês de maio
Vera é uma das mulheres retratadas no livro Mães em Luta, editado por Ponte e Mães de Maio em 2016. Ela contou como sonhava em reencontrar a filha, o genro e a neta nunca nascida
Para marcar os 15 anos dos Crimes de Maio, a Ponte publicou 15 perfis de mulheres que perderam familiares para a violência policial, originalmente publicados no livro Mães em Luta. Veja abaixo todos os capítulos:
Debora Maria da Silva: ‘Ser Mãe de Maio me alimenta’
‘Foram viajar. Um dia viajo também. Vamos nos encontrar e matar as saudades’
Francilene: ‘Desaparecimentos não estão nas estatísticas, apenas em nossos peitos’
Maria Aparecida e a bala (duas vezes) perdida
Waltrina Middleton: ‘O lamento das mães no Brasil e nos EUA é muito semelhante’
‘As mães que lutam contra o Estado representam tudo de bom que tem nesse mundo’
Zilda Maria de Paula: ‘Não sossego enquanto não houver justiça’
Vânia perdeu o irmão para a violência policial e a mãe para a injustiça, mas segue na luta: ‘agora é pelos dois’
Zilda, mãe de Laura Vermont: ‘A Justiça não trata uma pessoa trans como se deve’
Ana Paula, mais uma sobrevivente: ‘enquanto tiver forças, serei a voz do meu filho’
Rute e o holocausto de Davi
Violentada por um policial, Cleuza deu à luz Fernando. Dezoito anos depois, a PM o matou
Quando jovem, Ivani sonhava em ser policial. Adulta, viu a PM matar seu filho
‘Eu confiava na polícia’, diz Maria, mãe de Márcio, morto pela PM
As lutas de Luana