Medicina transfóbica: as dificuldades do atendimento ginecológico para pessoas trans com vagina

    De violências simbólicas a físicas, homens trans e pessoas transmasculinas são afastadas dos consultórios e não conseguem prevenir doenças

    Você já deixou de ir ao médico por medo de sofrer violência psicológica, verbal ou até física? Ou foi, porque sabia que era importante, e foi desrespeitado unicamente por ser quem você é? Essa é a realidade de muitos homens trans e pessoas transmasculinas que tentam acessar o sistema de saúde, principalmente o sistema ginecológico e obstétrico.

    Em uma sociedade em que a genitália define o seu gênero, homens trans (pessoas que não reconhecem o gênero de nascimento e reivindicam o gênero masculino) e pessoas transmasculinas (pessoas que não se encaixam no gênero do nascimento nem na binaridade dos gêneros – homens ou mulheres), com vagina e útero, precisam enfrentar muitas dificuldades para conseguir acessar um serviço básico como a saúde sexual e reprodutiva.

    Não são só mulheres que precisam acessar esse serviço, muito pelo contrário, homens trans e pessoas transmasculinas também precisam. Doenças como o câncer de mama ou câncer de colo de útero, que podem ser prevenidas nas consultas ginecológicas, acabam atingindo essa população justamente pelo afastamento dos consultórios médicos.

    Homens trans também podem engravidar, como é o caso do designer Apollo Arantes, 31 anos, que deu à luz sua primeira filha em agosto de 2020. “A medicina em si está cheia de ações violentas com corpos trans, quando se fala em ginecologia existe ainda mais forte a evidência da violência, tendo em vista que é uma das áreas da saúde que mais tem acesso aos nossos corpos de forma mais íntima”, conta.

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    Como homem trans, ele sempre buscava atendimentos em ambulatórios LGBTs, para tentar garantir que não sofreria violência naquele espaço, “mas o fato é que nem os profissionais que estão dispostos a atender a população T nos garantem um atendimento livre de violência”.

    Um dos grandes problemas que Apollo passou em atendimentos ginecológicos foi perceber que a medicina é “castrativa” para pessoas trans. “Se você é um homem trans, para esses profissionais, você nunca vai desejar engravidar ou ainda eles precisam te impedir de engravidar. Isso aconteceu comigo e com outros homens trans. Acho que essa foi uma das violências mais escancaradas que sofri nesta área da medicina”.

    “Esses profissionais nos tratam como se a gente não pudesse ter complexidade. Se é homem trans eles têm uma fórmula sobre como nós somos e agimos e a partir disso nos atendem, são raros os profissionais da saúde que nos ouvem”, desabafa.

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    Diante desse cenário, Apollo conta que não foi fácil engravidar e seguir com a gestação. “Quando descobri que estava gestante recorri ao ambulatório LGBT, que faço meu acompanhamento médico, e de lá fui encaminhado para uma ginecologista obstetra que disse estar disposta a me atender”.

    O atendimento com essa médica, narra Apollo, foi o pior possível. Apollo é casado com Amanda Palha, que é travesti. Ele conta que a ginecologista não fazia o mínimo esforço para reconhecê-lo com o pai e sua esposa como mãe, além de tratá-los no gênero que não reconhecem como seus.

    “Todas as vezes que a gente precisava ir na consulta com ela, era um preparo mental terrível. Até que conseguimos ser atendidos pela médica da família de uma outra unidade de saúde que eu conhecia do início da minha transição, foi aí que conseguimos garantir um atendimento digno”.

    Apollo engravidou em dezembro e a previsão do nascimento era setembro do ano seguinte. Mas, em março, a pandemia tomou proporções não esperadas. “Fomos vendo a maternidade se tornar referência nos atendimentos a Covid-19 e várias violências acontecendo as pessoas gestantes nesses espaços, como por exemplo negar acompanhante na hora do parto”.

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    “Quando eu e minha esposa percebemos que isso estava acontecendo ficamos muito aflitos, pois desejamos estar sempre juntos nessa gestação e claro também no parto. Pra mim não era uma possibilidade parir sem que minha esposa estivesse junto, sem falar nas inúmeras violências que eu poderia sofrer ao decorrer do parto por estar em um hospital com grande rotatividade médica, sem nenhuma garantia de um parto humanizado”.

    O parto em casa passou a ser uma possibilidade para o casal. “Havíamos descartado por ter um valor alto em relação ao que conseguiríamos pagar. Como nossos amigos e familiares desejavam muito que a gente fizesse um chá de bebê, decidimos então fazer um chá de bebê virtual na tentativa de custear o parto. Ter uma rede de amigos e familiares por perto nos foi muito importante, não só garantindo o parto domiciliar como também nos fazendo sentir confiança e carinho em toda caminhada”.

    Para Apollo, a grande causa de muitos homens trans se privarem do direito à saúde e aos exames básicos de ginecologia é a falta de preparo desses profissionais. “Isso nos deixa extremamente vulneráveis em relação a nossa saúde. É imprescindível que os profissionais da saúde se deem conta de que nós existimos e que eles precisam nos atender com dignidade, que isso não é um favor. Essa demanda é urgente, para garantir nosso acesso a saúde”.

    Médicos não estão prontos para atender corpos trans

    As motivações para um atendimento ruim são muitas. Começa no despreparo dos médicos, mas não termina ali. Por outro lado, também há muitos motivos para que homens trans e pessoas transmasculinas fiquem longe dos consultórios. Em entrevista à Ponte, a médica Ana Thais Vargas, ginecologista e obstetra, conta como acabou, sem querer, se tornando uma especialista nesses atendimentos.

    “Não tem especialidade para atender homens trans porque não precisa, bastar ter o olhar aberto para possibilidades de pessoas que não estão no padrão heteronormativo que aprendemos na faculdade”, aponta. “Eu acabei entendendo que tinha uma demanda grande porque não tinha ninguém para atender. Na faculdade, eu não aprendi absolutamente nada que não fosse heteronormativo, machista e misógino, que é o padrão das faculdades de medicina”.

    Como pessoa cisgênera (que se identifica com o gênero de nascimento), Ana Thais nunca tinha percebido essa necessidade. Foi na residência médica em ginecologia e obstetrícia que a sua visão começou a mudar. “Eu cuidava de pacientes que precisavam de atenção por ISTs [Infecções Sexualmente Transmissíveis] e um chefe me deu uma cartilha que tinha, bem no fim, uma parte sobre mulheres que fazem sexo com mulheres e homens que fazem sexo com homens. E aí eu caí na real: olha, tem diferença”, narra.

    Os anos se passaram e o assunto voltou à vida da ginecologista quando um amigo começou a montar uma casa de acolhimento para pessoas LGBTs em São Paulo. O amigo era Iran Giusti, fundador da Casa 1, um dos espaços de acolhimento e cultural mais importantes da cidade.

    “Liguei para ele e disse bem assim ‘eu nem sei se tem espaço para uma ginecologista, mas eu queria fazer parte do voluntariado médico’. Eu não tinha nenhuma ideia antes de entrar na Casa Um que ginecologista é muito mais do que necessário dentro do atendimento da população LGBT+”, afirma.

    “Dentro da minha cabeça, mais uma vez com um pensamento machista, que lá teriam homens cis gays. E dei com a cara na parede, porque não é a maior população de lá. A maior população são mulheres trans e travestis, seguida de homens trans”. 

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    Foi na Casa 1 que Ana Thais entendeu que homens trans e pessoas transmasculinas precisavam de atendimento ginecológico e ela não sabia como fazer esse atendimento. “Felizmente eu tive excelentes professores na Casa 1, que eram homens trans que inicialmente moravam lá, que sentaram comigo e me explicaram tudo que eu precisava saber”.

    Quando parou para estudar o tema, se deparou com uma decepção: não haviam artigos científicos, consenso médico ou quase nada sobre a população LGBT+ e, principalmente, a população trans. Em 2019, em um encontro da Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras, Ana Thais propôs uma aula sobre transexualidade.

    Para sua supressa, a procura foi tão grande que nem o atraso no evento tirou as pessoas da sala enquanto ela falava sobre o assunto. “A partir daí, comecei a dar aulas em escolas de medicina e enfermagem. Comecei a ver que há interesse, pelo menos dos alunos”.

    A ginecologista explica que os problemas nos atendimentos ginecológicos são anteriores as questões das pessoas trans. De violências simbólicas, como pressupor a heterossexualidade de todo mundo dentro dos consultórios, até violências verbais na hora de um parto, impedindo a pessoa que está parindo de gritar ou obrigando-a a fazer força “para não matar o bebê”, até violência física como “subir em cima da barriga e cortar a vagina sem necessidade” estão nessa lista.

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    “Quando você está lidando com profissionais de saúde que são ginecologistas que só cuidam de mulheres cishétero e são misóginos, e mesmo assim não têm o básico, quando você transpõe isso para a população trans piora muito”.

    “Te perguntam se você é casada e perguntam o nome do marido. Tem o nome do pai e do marido na ficha do pré-natal, mas não tem a pergunta básica se a pessoa está em um relacionamento fixo e qual é o nome da pessoa. É só essa pergunta. Você não pressupõe a heterossexualidade de ninguém, deixa aberto para a pessoa dizer o nome e o gênero”, completa. 

    Um dos grandes problemas quando o assunto é ginecologia e o público LGBT+, explica Ana Thais, é a perda das especificidades dos atendimentos. “Mulheres bissexuais, por exemplo, também precisam aprender como se proteger de ISTs, mas nunca é passado para elas porque é melhor dizer que é hétero na consulta. A fuga dos serviços de saúde, tanto das lésbicas ou dos homens trans, faz com que não haja a periodicidade das consultas e, com isso, perde-se a oportunidade de prevenção”. 

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    Essa falta de prevenção impede que doenças que podem ser tratadas se tornem fatais. “Apesar da população trans e mulheres que fazem sexo com mulheres terem baixa incidência de câncer de colo de útero, é uma população que tem um alto índice de morte por câncer de colo de útero justamente porque não tem diagnóstico, porque não faz a prevenção”.

    “São pessoas que são afugentadas dos serviços de saúde porque sabem que vão passar por violência psicológica, verbal ou física. Quando vão já têm o problema que poderia ter sido resolvido com prevenção. Esse é um problema da escola de medicina, seja na rede pública ou privada”, aponta a ginecologista.

    Tema de livro e pesquisa acadêmica

    O pesquisador Guilherme Calixto, formado em Administração Pública pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e co-fundador do Hackers de Gênero, grupo de estudos de pesquisadores não-binários sobre sexualidade e reprodução para homens trans e pessoas transmasculinas, apurou os direitos sexuais e reprodutivos de pessoas trans com vagina e útero em sua pesquisa acadêmica.

    “A dificuldade começa pelo fato de que a própria medicina é um dispositivo de poder e é cisheteronormativa. E tem a ideia de que os serviços de ginecologia são voltados para mulheres. Como se outras pessoas que não são mulheres não tivessem a ver com esse serviço porque é uma coisa cissexista, em que você atrela uma genitália a um determinado gênero”, explica.

    A situação piora para pessoas trans que já estão passando pela terapia hormonal ou já fizeram a mastectomia (retirada dos seios). “Acham que é uma consulta para sua irmã, sua prima. Como esse corpo, que às vezes tem barba, transita dentro de um espaço que é só para mulheres? Para chegar nesse serviço já há uma dificuldade, é preciso vencer várias barreiras de saber que vai estar sujeito à violência, à transfobia e, ainda assim, ter que bancar pela saúde”.

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    No seu Trabalho de Conclusão de Curso, Guilherme contou uma história que aconteceu com ele quando tentou acessar o serviço ginecológico. Em 2019, precisou colher seu primeiro papanicolau (exame preventivo que colhe células do colo do útero), mas o laboratório não analisou o resultado porque viram um nome masculino na ficha.

    “Aí a médica pediu novamente e deixou indicado que eu era uma pessoa transmasculina. Eu fiz de novo, mesmo sendo um exame mega desconfortável e invasivo. Quando falamos de pessoas trans tem toda a questão de como lidamos com o nosso corpo e como esse exame pode interferir nisso”, aponta.

    “Aí ela falou que enviou com essa observação e mesmo assim eles não fizeram a análise da coleta. Isso é algo que vai além de explicar para a médica como atender. É a dimensão institucional de uma estrutura de como a medicina se constrói. É um trabalho muito maior de trazer a questão de que serviço de ginecologia não é só para mulheres e que a própria forma que pensamos a dinâmica desse serviço não tá pronta para receber outras pessoas”.

    Para Guilherme, existem alguns caminhos possíveis para mudar essa realidade. “De forma macro, enquanto movimento trans, temos que começar a nos apropriar disso. Estamos começando a discutir isso agora. Antes dos anos 2000, por exemplo, não se falava em homens trans e pessoas transmasculinas enquanto sujeitos políticos”.

    “Em 2010 começaram a surgir associações e grupos. Estamos começando a falar de serviço ginecológico e gestação. Primeiro de tudo temos que nos apropriar dessa discussão que vai contra toda a invisibilização em relação aos nossos corpos. Não dá para esperarmos que alguém da política venha e mude tudo porque a gente sabe que não é assim que funciona, tem toda uma movimentação social para que as mudanças aconteçam”.

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    A jornalista Larissa Darc também investigou o assunto em seu TCC, que posteriormente virou o livro “Vem Cá: vamos conversar sobre a saúde sexual de lésbicas e bissexuais“, lançado em 2019 pela editora Dita Livros.

    Apesar do foco inicial não ser homens trans e pessoas transmasculinas, Larissa percebeu que não dava para desassociar os assuntos quando se falava em atendimento ginecológico. “Desde o começo, quando eu pensei em escrever sobre lésbicas e bissexuais, a pauta trans surgia”.

    “Quanto mais eu ia pesquisando, mais ia aparecendo e depois da publicação do livro surgiu mais vezes. Quando comecei a fazer a pesquisa, divulguei um formulário online que teve 96 respostas e 3 eram respostas de homens trans. Os relatos foram muito fortes”, lembra.

    Com o curto tempo para finalizar a pesquisa, a autora percebeu que não conseguiria se aprofundas na pauta trans. Mas percebeu que, apesar das diferentes demandas, alguns convergiam. “Quando a gente fala de pessoas com vulva que se relacionam com pessoas com vulva a gente tá englobando várias letrinhas da sigla LGBT. Os homens trans estão tão expostos quanto as mulheres cis por não existirem métodos de prevenção de ISTs”.

    “As duas camisinhas, ditas masculinas e ditas femininas, foram criadas para o falo e criadas por homens cisgêneros para homens cisgêneros, então nunca existiu uma pesquisa para vulvas. E isso serve para qualquer pessoa com vulva, principalmente para pessoas com vulva que se relacionam com pessoas com vulva”, argumenta Larissa.

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    De forma anônima, a jornalista incluiu em seu livro um relato de um amigo que, na época da pesquisa, em 2018, se identificava como uma pessoa não-binária e hoje como homem trans. “Ele me contou que teve um atendimento muito violento em que ele se sentiu estuprado. Homens trans também compraram o meu livro”.

    Larissa reforça a importância do acompanhamento médico para homens trans e pessoas transmasculinas. “Não é recomendado pegar a receita de outra pessoa, mas muitos meninos trans não vão ao médico com medo de serem maltratados e desrespeitados”.

    “Por isso, é muito importante trazer esse público para o atendimento médico, para esse tipo de conversa e para esse empoderamento de informação para que eles consigam fazer boas decisões nesse período de transição, que é um período complexo e que precisa de acompanhamento médico”.

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    Para a jornalista, é necessário formação médica preparada para as pluralidades de pessoas. “Existem muitas pessoas, existem muitas especificidades de gênero, sexualidade, de classe. Então se os médicos saem preparados para lidar com essas pessoas, se eles chegam no consultório e têm os materiais adequados, o SUS [Sistema Único de Saúde] oferecendo todo esse suporte no período da transição, que inclui também o suporte psicológico, seria uma combinação muito interessante para gente garantir o básico. Quando falamos em direitos sexuais e reprodutivos estamos falando de direitos humanos. Nem todo mundo lembra disso, mas são direitos humanos”, argumenta.

    “Quando falamos do SUS temos que lembrar que o SUS é regido pela equidade, então ele tem que oferecer o apoio necessário de acordo com cada especificidade de cada pessoa. Você não pode oferecer o mesmo atendimento e o mesmo tratamento para todas as pessoas”.

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